sexta-feira, 12 de junho de 2009

GRAN TORINO, de Clint Eastwood

image Walt Kowalski (Clint Eastwood) mora num país que não existe mais. Patriota, veterano da Guerra da Coreia, tem encravado na sua cabeça a ideia de propriedade muito embora nenhuma cerca delimite a sua. Odeia os asiáticos que resolveram se instalar exatamente no seu bairro. Ele é um dos últimos americanos que moram lá. Trabalhou por 50 anos na Ford e agora vê um dos seus dois filhos (com os quais não se dá) vender carros japoneses.

Na casa ao lado mora uma família da etnia hmong - e isso é importante frisar não pela trama em si, mas por se tratar do povo que quase foi dizimado pelos comunistas depois que os americanos saíram do Vietnã. O caçula da família, Thao, é praticamente obrigado a entrar para uma gangue oriental que assola a comunidade e Walt, aos poucos, percebe que não haverá saída para o jovem, cujo batismo de fogo para entrar - a contragosto, diga-se - para a "turma" é roubar o Gran Torino 72, orgulho de Kowalski. O único caminho que Walt Kowalski vislumbra para Thao é colocá-lo para trabalhar para que ele possa bancar seus estudos. Ironicamente, o racista matador de chineses e coreanos na guerra livra o garoto oriental do submundo num trabalho de dar inveja a muita ONG por aí financiada com o abençoado dindim dos cofres públicos.

Vemos a ética do trabalho contra o blá-blá-blá do multiculturalismo de boteco. A ética do trabalho contra a desculpa da "violência enquanto produto da pobreza".

Não é à toa que considero Eastwood um dos melhores diretores vivos. Se não for o melhor.