sexta-feira, 25 de julho de 2008

EM DEFESA DE ISRAEL, de Alan Dershowitz (Parte 8 de 12)

O PROBLEMA DOS REFUGIADOS

Já foi dito lá em cima que o livro de Dershowitz é feito na seguinte base: a acusação contra Israel, os textos dos acusadores, a realidade e a prova.

Uma das acusações mais comuns é a de que Israel criou o problema dos refugiados árabes. Mas a realidade é que o problema foi criado por uma guerra iniciada pelos árabes, a guerra de 1947/1948.

"Vários problemas distintos, apesar de sobrepostos, de refugiados foram criados pelo ataque árabe sobre Israel en 1947 e 1948. O primeiro foi criado em dezembro de 1947 e março de 1948, durante os ataques palestinos nos meses antes da invasão dos exércitos pan-árabes. De acordo com Benny Morris, historiador bastante crítico em relação a Israel e aos sionistas e especialista no problema dos refugiados, 'os Yishuv [os judeus da Palestina que em breve iriam tornar-se israelenses] estavam na defensiva e os árabes das classes alta e média fugiram - algo com 75 mil.'"

Ainda segundo Morris:

"Estes notáveis (...) poderiam ter temido uma Palestina governada por Husseini tanto quanto estavam preocupados com o domínio judaico."

Volta Dershowitz:

"O segundo problema dos refugiados começou quando a Haganah, o exército judeu oficial de defesa, começou a ganhar a ofensiva entre abril e junho de 1948. Uma vez capturadas Haifa e Jafa pelos israelenses, começou um efeito dominó, com a fuga das cidades levando à fuga das aldeias circunvizinhas, o que, por sua vez, levou à fuga de outras aldeias."

Ainda citando Morris, ele salienta que "nenhum governo árabe fechou suas fronteiras ou de alguma forma tentou deter o êxodo".

Mas os refugiados seriam "utilizados durante os anos seguintes pelos Estados árabes como um importante penhor político e de propaganda contra Israel." E o fato é que alguns "comandantes árabes ordenaram a evacuação das aldeias" e a Liga Árabe "periodicamente havia endossado esse movimento."

O ex-primeiro-ministro da Síria, Khalid al-Azim, em suas memórias publicadas em 1972, pôs toda a culpa pelo problema dos refugiados sobre os árabes. E Mahamoud Abbas, primeiro-ministro da Autoridade Palestina, "acusou os exércitos árabes de terem abandonado os palestinos depois de os terem 'forçado a emigrar e a deixar sua pátria e os jogaram em prisões similares a guetos nos quais os judeus costumavam viver.".

Em 1980, o Comitê Nacional Árabe, em Haifa, assumiu:

"A remoção dos habitantes árabes... foi voluntária e foi executada a nosso pedido. A delegação árabe orgulhosamente solicitou a evacuação dos árabes e sua remoção para países árabes vizinhos... Estamos muito contentes em poder afirmar que os árabes guardaram sua honra e as tradições com orgulho e grandeza."

É de se notar que os israelenses ofereceram uma compensação de 30 bilhões de dólares para os palestinos por um problema que eles não provocaram. Tanto é que o Instituto para Estudos Palestinos, subvencionado pelos árabes, concluiu que a maioria dos refugiados árabes "não foi expulsa e que 68% deles 'saíram sem ver um soldado israelense.'"

Mesmo assim o problema dos refugiados virou mais uma tática árabe neste conflito, sobretudo com o chamado direito de retorno dos palestinos:

"Em outras palavras, os refugiados nãoeram fundamentalmente uma preocupação humanitária [para os árabes], mas uma tática desenvolvida para produzir a pretendida destruição de Israel. Certamente ninguém esperaria que Israel facilitasse o seu próprio politicídio."

A brincadeira aumenta quando a ONU se intromete e tenta definir o que é um refugiado árabe de Israel:

"Os judeus que se mudaram a algumas milhas (mesmo aqueles que não tinham escolha) não eram chamados de refugiados, mas os árabes que se mudaram a mesma distância eram chamados assim. Foi a definição de refugiado mais incomum da história.

(...)

Se a definição padrão de refugiado (que se aplica a todos os outros grupos de refugiados) fosse aplicada aos judeus, o número de refugiados palestinos cairia assustadoramente.

O Alto Comissariado para Refugiados da ONU (UNHCR) (...) inclui na sua definição de refugiado alguém que (1) sai por um 'receio bem-fundamentado de ser perseguido', (2) está 'fora do país de [sua] nacionalidade' e (3) 'não tem condições... ou não deseja beneficiar-se da proteção daquele país'."

Até aí, tudo bem, mas os palestinos gozam de uma Agência de Socorro e Trabalhos, também da ONU. É uma agência exclusiva, com conceitos mais elásticos sobre o que é um refugiado:

"Define palestinos como refugiados, independemente de saber se saíram devido a 'um bem-fundamentado receio de perseguição' e independentemente do país em que vivem. Especificamente a UNRWA define um refugiado palestino como alguém (1) 'cujo lugar normal de residência era a Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948' e (2) 'que perdeu tanto seus lares como seus meios de subsistência em resultado do conflito árabe-israelense de 1948 (independentemente do motivo de saída). Além disso, a UNRWA define como refugiados todos os descendentes dos que satisfazem esses dois critérios."

Mas o problema dos refugiados poderia ter sido solucionado facilmente entre 1948 e 1967 "quando a Jordânia controlava e havia anexado a margem ocidental, que era uma área sub-habitada e subcultivada. Mas, em vez de integrar os refugiados numa sociedade religiosa, lingüística e culturalmente idêntica, eles foram segregados em guetos chamados de campos de refugiados e submetidos a viver de esmolas da ONU, enquanto recebiam propaganda sobre o seu glorioso retorno à aldeia do outro lado da estrada, que havia sido o seu lar por apenas dois anos."

O problema dos refugiados tem solução. Não é fácil, mas basta ter a vontade de realizá-lo. Trocas de população já foram feitas no passado. Alguns exemplos foram as trocas realizadas entre a Índia e o Paquistão e entre a Grécia e a Turquia.

"Apesar dessas mudanças não terem sido sem dificuldade, e algumas permanecem controversas, nenhuma criou o tipo de problemas permanentes causados pela falta de vontade dos Estados árabes de integrarem a população árabe palestina."

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Na próxima sexta, a nona parte deste resumão do livro de Alan Dershowitz.

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