sábado, 13 de setembro de 2008

A BÍBLIA NÃO TINHA RAZÃO (8): AS CONQUISTAS DE JOSUÉ

Exatamente como na história do Êxodo, a arqueologia descobriu uma dramática discrepância entre a Bíblia e a situação dentro de Canaã na data sugerida da conquista, entre 1230 e 1200 a.C. Embora saibamos que um grupo chamado Israel estava presente em algum lugar de Canaã por volta de 1207 a.C., a evidência na paisagem geral, política e militar de Canaã leva a aventar a hipótese de que uma invasão fulminante por esse grupo teria sido impraticável e improvável ao extremo.

(...) as cartas de Amarna revelam que Canaã era uma província egípcia, firmemente controlada pela administração egípcia.

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Os príncipes das cidades de Canaã (descritos no livro de Josué como poderosos inimigos) eram, na verdade, pateticamente fracos. Escavações mostraram que as cidades de Canaã, nesse período, não eram cidades regulares, do tipo que conhecemos na história superior. (...) A típica cidade tinha apenas um palácio, um conjunto de edificações em torno de um templo e outros poucos prédios públicos, provavelmente residências de altos funcionários, hoispedarias e outros edifícios administrativos. Mas não existiam muros em torno delas. As formidáveis cidades canaanitas descritas nas narrativas de conquistas não eram protegidas por fortificações.

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A arqueologia descobriu evidências dramáticas da extensão da própria presença egípcia em Canaã. Uma fortaleza egípcia foi escavada no sítio de Betsã, ao sul do Mar da Galiléia, por volta do ano de 1920; suas várias estruturas e pátios continham estátuas e monumentos com inscrições em heiróglifos, da época dos faraós Sethi (ou Seti) I (1297-1279 a.C.), Ramsés II (1279-1213 a.C.) e Ramsés III (1184-1153 a.C.). A antiga cidade de Megiddo, em Canaã, revelou indício de forte influência egípcia até a época do faraó Ramsés VI, que governou no final do século XII a.C. Isso foi muito depois da suposta conquista de Canaã pelos israelitas.

É altamente improvável que as guarnições militares egípcias em todo o país tivessem permanecido impassíveis enquanto um grupo de refugiados do Egito estivesse provocando devastação em toda a província de Canaã. E é inconcebível que a destruição pelos invasores de tantas cidades vassalas, leais, não tivesse deixado nenhum traço nos vastos registros do império egípcio. A única menção independente ao nome de Israel nesse período - a estela da vitória de Meneptah - anuncia apenas que, ao contrário, esse povo obscuro vivendo em Canaã sofrera derrota esmagadora. Nitidamente, alguma coisa não combina quando o relato bíblico, a evidência arqueológica e os registros egípcios são colocados lado a lado.