Meu amigo Zezé me liga, puto, no primeiro tempo:
- Porra, esperei tanto pra ver um jogo do Vasco na televisão e quando chega a hora é essa merda!
A coisa tava feia. Pra completar a nossa irritação (sim, eu também estava puto), ainda tínhamos que ouvir o "comentarista" Junior dizendo que o Resende era uma grande equipe. Não dá pra levar isso a série.
O Resende, apesar de pouco tempo de posse de bola, apertava o Vasco. Fez um gol cagado, é verdade, mas fez e depois ainda meteu uma bola na trave. Todos os pesadelos que os vascaínos tiveram depois do jogo contra o Americano pareciam voltar. O time não se acertava, o Resende marcava bem, a bola parecia correr mais. Era um desespero.
Até que Paulo Sérgio, que acho um bom lateral, cruzou na área e a defesa da "grande equipe" deixou Nílton cabecear sozinho. Empate providencial no finalzinho do primeiro tempo. 1 a 1.
Show do intervalo. Nele, acho que a Globo esqueceu-se de comemorar a milésima reprise do golaço de Dinamite sobre o Botafogo. O famoso gol do lençol em cima do zagueiro Osmar, que era um zagueiro mais técnico. Hoje em dia, se Roberto tentasse isso, seria operado na área sem anestesia por qualquer um - QUALQUER UM MESMO!!! - zagueiro de plantão. Depois do gol, Cléber Machado lembra - pela milésima vez também? - que Roberto é um dos maiores ídolos da história do Vasco. Aí sou eu que pego o telefone e bato um fio pro Zezé:
- Porra, Zezé! Será que não dá pra esses caras virarem o disco? Dá pros caras dizerem que Roberto é um dos maiores atacantes do futebol mundial em todos os tempos? Dá pra dizer que o cara é o maior artilheiro do Campeonato Brasileiro em todos os tempos?
Não disseram e voltou o segundo tempo. Aí, parece que eu vi outra partida. Como se o Vasco tivesse em campo para jogar apenas um tempo. Foi um massacre. O time voltou com tudo, ligado, raçudo, ganhou o meio-campo. A entrada de Élton parece que deu um novo ânimo no time - e em mim também. E mostrou o que fato muitos analistas já desconfiavam: vascaínos, habemus tecnicum! Dorival Junior mudou a forma do time jogar. E podem reparar: do primeiro pro segundo tempo, o Vasco parou com chutões. Tocou a bola, foi mais envolvente.
O segundo gol, num pênalti que existiu, foi do goleiro Tiago e o terceiro foi de Pimpão, numa jogada em que Faioli acreditou até o fim.
O técnico menudo do Resende, Roy, não conseguiu atingir o seu objetivo: ganhar pelo menos um pontinho. E o Vasco assumiu a liderança da Chave A.
O meu desespero inicial deu lugar à esperança. Esperança de que o treinador tem o time na mão, os rapazes parecem unidos. Os adversários são inexpressivos? Claro! Domingo o Vasco vai encarar o Fluzim, clube que não tem a menor vergonha em aliciar jogadores de outros clubes. Mas o certo é que aos poucos, pé-ante-pé, o Vasco vai ganhando cara de time.
Dormi tarde. Mas dormi feliz.