segunda-feira, 19 de julho de 2010

UMA OU DUAS COISAS SOBRE “VIVA LA MUERTE”

Acho que a maioria dos leitores não viu “Viva la muerte”. É um filme de Fernando Arrabal, dramaturgo da boa e velha escola surrealista. Faço uma pequena digressão agora.

No Segundo Grau – agora rebatizado de Ensino Médio –, ensaiei para uma peça de Arrabal, chamada “Piquenique no front”. Graças ao meu talento nato, ganhei o papel de Zapo, o protagonista, um soldado que recebia a visita dos pais no meio da guerra. O mundo perdeu um grande ator e também ficou sem ver o espetáculo, pois a peça não foi encenada. Coisas do mundo da arte. Tudo isso serve para dizer que Arrabal é um baita dramaturgo, mas cinema não é a sua praia.

“Viva la muerte” se passa na reta final da Guerra Civil Espanhola. Diz Reinaldo Azevedo que sem a metafísica cabocla de Riobaldo, sobra muito pouco de “Grande sertão: veredas”. Gosto do livro, mas tendo a concordar. Sem as porralouquices de “Viva la muerte” sobra muito pouco do filme de Arrabal. Aquela estética hipponga dos anos 70 era muito chata. Quando o filme parece que vai esquentar, engrenar, aparece uma cena muito louca, metida à onírica, mas que é só enrolação. Enrolação pra fazer “pensar”… Diga-se de passagem, assistindo a algumas dessas tais cenas oníricas, eu fiquei em dúvida se estava assistindo a um filme ou a alguma tarefa de “No limite”, daquelas bem nojentinhas, insuportáveis pro meu espírito pequeno-burguês.

Abaixo, a abertura do filme: