quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ROBERTO DaMATTA INDO COM O PÉ NOS PEITOS DA CAMBADA

É precisamente isso que precisa ser mudado. Não dá mais para continuar a operar num sistema político no qual “ter poder” é distribuir cargos em vez de usar esses cargos como instrumentos de gerenciamento público. Não é mais possível pensar o “poder” como algo ao sabor de pessoas, partidos e interesses — como um recurso para aristocratizar grupos que dele fazem parte por nomeação, vínculo ideológico ou eleição. Está passando o tempo no qual o governo podia ser “dono do Brasil” e como tal gastar bastarda e irresponsavelmente o fruto do nosso trabalho, ignorando o país e pensando exclusivamente nos seus comparsas. O limite da demagogia que inventou esse híbrido de eleição, populismo e coalizão semipatriarcal tem tudo a ver com a incoerência entre pessoas e papéis. Afinal, um ator medíocre não pode interpretar Hamlet, do mesmo modo que é preciso fazer com que o estado e, sobretudo, o governo sejam servidores da sociedade, a ela devolvendo o resultado do trabalho de seus cidadãos comuns. Afinal, a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. Essa é a questão! (Aqui)