A Funai, ONGs nacionais e internacionais e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) – quem mais? – não vão sossegar enquanto não transformarem o Brasil numa oca gigantesca. Cismaram de aumentar a demarcação de terras indígenas em Barra Velha, no sul da Bahia, o que contraria um acódão do STF. O problema agora é que suas bufonarias estão batendo de frente com assentamentos dos aliados do MST, que adora invadir a terra dos outros, mas quando as suas estão ameçadas, se aliam até aos temíveis produtores rurais – essa gente que bota na nossa mesa a comida mais barata do mundo. Eu estou achando ruim? Nada! O MST ganhou, pela primeira vez, acho, uma aula de realidade. Conta Denis Lerrer Rosenfeld, no Globo:
A questão de Barra Velha chegou a tal grau de acirramento que alianças impensáveis em outros contextos se tornaram realidade. Em evento no final de agosto no município de Itamaraju, num auditório lotado com mais de 300 pessoas, sendo em torno de 270 provenientes dos assentamentos da reforma agrária e usando bonés e camisetas do MST, foi feita uma defesa do direito de propriedade e do Estado de Direito.
Eis a bandeira comum a todos nessa ocasião, com membros da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), ligada à CUT, do MST, da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) unidos contra o trabalho da Funai e as ações do Cimi e das ONGs indigenistas nacionais e internacionais.
Os líderes dos assentados da reforma agrária presentes ao evento disseram em alto e bom som que lutariam até a morte e não entregariam as suas terras aos índios. Nem querem ouvir falar de remoção para outras áreas, pois a terra onde estão é sua. Reclamam, isso sim, melhores condições de trabalho, como crédito, maquinário e sementes. As oposições correntes nacionais entre "trabalhadores rurais e empreendedores rurais" não se fizeram presentes. Ao contrário, aqueles se manifestaram solidários aos produtores rurais por compartilharem, agora, os mesmos problemas e ameaças.
Declararam-se firmemente partidários do direito de propriedade. Assentados, agricultores familiares, pequenos, médios e grandes, todos se consideram igualmente produtores rurais.