quinta-feira, 24 de julho de 2008

DOIS ARTIGOS

Como de praxe, link para alguns artigos.

O primeiro é de Demétrio Magnoli, cujo trechinho segue abaixo:

Milton Gonçalves encarna um personagem protagonista na novela do horário nobre da Rede Globo. É uma boa notícia para todos os que apreciam a arte do grande ator. Devia ser motivo de celebração pelos grupos do movimento negro que apontam, com razão, a persistência de uma regra racial oculta na seleção de elencos no Brasil. Mas eles não gostaram, pois o personagem de Milton Gonçalves é um político corrupto. O deputado estadual José Candido (PT-SP) acusou o ator de prestar um “desserviço” ao movimento negro, passando “uma má impressão do negro à população”. Se entendi direito, o corpo negro é imune à corrupção.

Numa entrevista a este jornal, o ator não se limitou a responder a Candido, mas ofereceu uma aula singela. Disse ele: “Algumas coisas mudaram na minha cabeça” depois de visitar a África: “Descobri que não sou um negro brasileiro, mas um brasileiro negro. Descobri que não sou africano, sou brasileiro.” São descobertas incompreensíveis para os que nos governam.

O outro de Carlos Alberto Sardenberg e fala sobre a mítica Rodada de Doha. O final é bem interessante e o negrito é meu:

Em Genebra, os EUA propuseram um teto anual de US$15 bilhões para os subsídios que pagam aos seus agricultores, para compensar preços baixos. Ora, neste ano, por exemplo, quase todos os preços agrícolas estiveram muito altos, de modo que o governo americano não precisou subsidiar diversos agricultores. Resultado, seus gastos estão em torno dos US$7,5 bilhões - metade do que propuseram nas negociações.

Por outro lado, a lei agrícola aprovada pelo Congresso americano estipula um teto anual de US$48 bilhões para subsídios. Esse é o valor que o governo poderia gastar em um momento de preços internacionais baixos. Ora, US$48 bilhões é três vezes o teto proposto pelo governo Bush em Genebra. Problema: a lei agrícola atual foi aprovada pelo Congresso, com a maioria democrata. O presidente Bush vetou, propondo limitar os subsídios a agricultores com renda anual de até US$200 mil.

Os deputados e senadores derrubaram o veto e mantiveram inclusive o subsídio a agricultores com renda de até US$1,2 milhão e aumentaram o apoio a plantadores de milho para etanol.

Sabem quem foi um dos mais entusiastas defensores da lei? Barack Obama. Já McCain votou contra a lei agrícola e os subsídios ao etanol de milho, assim como pediu a eliminação do imposto de importação sobre o etanol brasileiro.

Esse oba-oba da Obamamania pode custar caro...