sábado, 5 de julho de 2008

ILIMAR FRANCO* AJUDANDO A LIMPAR A SITUAÇÃO (O GLOBO, 4 DE JULHO DE 2008)

Nos arquivos do computador do dirigente das Farc Raúl Reyes, morto pelo Exército da Colômbia em março, há um informe de seu representante no Brasil, Olivério Medina, de que o então ministro José Dirceu (chefe da Casa Civil de 2003 a 2005) estava disposto a dialogar com a guerrilha. Ele informa que o contato não teria caráter governamental e seria feito por um emissário de Dirceu.

O que dizem os documentos das Farc

O governo da Colômbia enviou ao brasileiro os arquivos de Reyes que se referem a autoridades e políticos do Brasil. Num dos textos, a guerrilha critica o governo do presidente Lula, pois, com sua eleição, havia a expectativa de que o Brasil desse às Farc o status de força beligerante. As críticas mais duras são contra o assessor especial do presidente Lula Marco Aurélio Garcia, a quem tratam ironicamente de “inefável”.

Reyes escreve: “Quando pensávamos que tínhamos nos livrado do Marco Aurélio, ele continua bloqueando nossa presença no Foro de São Paulo, encontro que reúne os partidos de esquerda da América Latina”.

Agradecimento a Gilberto Carvalho Num dos e-mails enviados por Olivério Medina a Raúl Reyes, ele relata ter recebido apoio do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, no período em que esteve preso na Polícia Federal, em Brasília. Carvalho havia pedido para a PF melhorar as condições de sua prisão, depois de relatos de integrantes da Igreja Católica de que Medina estava se queixando, para ONGs de direitos humanos, de que não tinha direito a tomar sol.

Típico exemplo de contra-informação preventiva. Quem tem cu tem medo, né? A idéia é tentar desfazer os laços das Farc com o PT, mostrar a incompatibilidade entre os dois lados e limpar a barra do Primeiro Mandatário que, em 2001, enchia a boca para taxar de "terrorismo de Estado" as ações legítimas do governo da Colômbia contra seus amiguinhos traficantes.

* Cunhadão de Tereza Cruvinel, a chefona da TV Brasil, aquela que dizia no mesmo espaço hoje ocupado pelo marido de sua irmã, que o mensalão não estava provado. Pena que o STF não achou a mesma coisa.