quarta-feira, 16 de julho de 2008

STÁLIN (1): UM PEQUENO PERFIL DE STÁLIN

"O homem que havia dentro dele era um político superinteligente e talentoso para quem o próprio papel histórico era fundamental, um intelectual nervoso que lia história e literatura de modo compulsivo, um hipocondríaco inquieto que sofria de amigdalite crônica, psoríase, dores reumáticas em seu braço deformado e algidez, resultado de seu exílio na Sibéria. Loquaz, sociável excelente cantor, esse homem solitário e infeliz arruinou todas as suas relações de amor e de amizade ao sacrificar a felicidade à necessidade política e à paranóia canibalesca.

(...)

Stálin não era mulherengo: estava casado com o bolchevismo e comprometido emocionalmente com o próprio drama pela causa da Revolução. Quaisquer emoções privadas eram bagatelas comparadas com o aperfeiçoamento da humanidade por meio do marxismo-leninismo.

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Às vezes, Stálin mandava dinheiro para ajudar a mãe, mas a partir de então manteve distância dela, cujo humor sarcástico e disciplina rígida se pareciam com o dela. Escreveu-se muita psicologia rasteira sobre a infância de Stálin, mas do que podemos ter certeza é que cresceu numa família pobre e influenciada por padres, vítima de violência, insegurança e suspeita, porém inspirada pelas tradições locais de dogmatismo religioso, rixas entre famílias e banditismo romântico. (...) Era emocionalmente atrofiado e carecia de compaixão, mas suas antenas eram super-sensíveis. Era anormal, mas o próprio Stálin compreendia que os políticos raramente são normais: a História, escreveu mais tarde, está cheia de 'gente anormal'.
Este é um pequeno perfil de Ióssif Stálin. Volta e meia publicarei trechos de "Stálin, a corte do czar vermelho". Teve um babaca que num comentário de um blog disse que as pessoas deveriam lavar a boca antes de falar de Stálin, mostrando que até hoje tem gente que admira um dos maiores criminosos da História. Este é só um aperitivo da personalidade do georgiano assassino. Mas seu comportamento não é de se admirar: é comum aos dirigentes socialistas. O imbecil que queria criar o "homem novo" se comportava como o pior deles...

* Fonte "Stálin, a corte do czar vermelho", de S. S. Montefiore (Ed. Cia das Letras)