sexta-feira, 12 de setembro de 2008

É MUSIQUINHA PRA LÁ, É MUSIQUINHA PRA CÁ

Votei em Fernando Gabeira para deputado federal. Até onde eu vi, ele honrou o meu voto, sobretudo na questão da redução da maioridade penal quando do caso João Helio - o tal "momento de emoção" que impede um brasileiro de tomar qualquer atitude que preste. Não sei se ele chegará ao segundo turno - pelo jeito, não.

Vejo o seu programa no Horário Eleitoral e o que se tem lá são vários artistas cantando um "We are the world" gabeirista de quinta categoria. O que, creio, depõe contra ele. Além do mais, quem é que disse que artista confere credibilidade a uma campanha? Veja bem, não estou dizendo que um artista não deva se manifestar. Claro que deve. Mas isso não faz a menor diferença. Ninguém vai mudar o seu voto por que o Frejat disse que o Gabeira é bom. Se bobear, até muda, caso pensasse em votar nele. Alguns podem pensar: "Xiii, essa cambada de maconheiro tá com o Gabeira, é? Então eu vou votar em outro!" (Não estou dizendo que todos os artistas usem a marofa, mas como não sou tão alheio ao meio artístico, sei que muitos usam e, por morar no subúrbio, conheço o senso comum dos moradores daqui, que são 65% dos eleitores - uma bagatela, como se vê).

Artistas, por si só, não dão votos. Caso contrário Lula seria eleito em 1989, 1994 e 1998. Não adianta cantar de mãozinha dada. É mais fácil botar alguém falando do candidato numa favela. Aqui no Rio, artista tem cara de Zona Sul, de área nobre, de cidade partida. É aquela gente que vive falando "em nome do povo" mas que dá show no Canecão cobrando 200 paus. Que credibilidade esse pessoal pode passar para o público de classes D e E? Acho que pouca. O cara quer saber de água encanada e não de musiquinha.