Nada é tão ruim que não possa piorar, não é verdade? Com o trânsito do Rio aconteceu exatamente assim: já era um cocô e agora abostalhou de vez. Mas qualquer um sabia que estávamos caminhando para isso. Menos, é claro, esses senhores e essas senhoras que, sabe-se lá Deus por que, chamamos de autoridades.
(Titio Persegonha tem carro, mas odeia dirigir. Sabem o que é odiar uma coisa? É o que eu sinto toda vez que preciso encarar o volante. Só de me lembrar disso pelas manhãs, já acordo desanimado. Só de pensar que vou ter que aturar fechadas, gente mal educada, apressadinhos de um lado e a turma da roda-presa do outro, minha gastrite (prêmio que ganhei por causa deste meu "amor" ao trânsito) se manifesta com júbilo e destemor.)
Pois bem, o que contribuiu para tornar o trânsito da Cidade Maravilhosa esta bela massa de merda? Sim, elas. As vans. As kombis. O transporte alternativo, um eufemismo bacaninha para transporte ilegal.
É claro que eu entendo: se o sistema de transporte do Rio de Janeiro funcionasse de verdade, ninguém se aventuraria a encarar uma kombi mulambenta dirigida por um sujeito que não faz a menor idéia de que o sinal vermelho quer dizer "PARE". É claro que muitos motoristas de carros de passeio também ignoram os sinais, mas essa é outra história e eu não quero me perder aqui.
As empresas de ônibus do Rio são as grandes responsáveis pelo surgimento dessa estrovenga capitaneada por motoristas que não sabem que outras pessoas estão na pista, param em qualquer lugar, não possuem o menor cuidado com o veículo (alguns estão MESMO caindo aos pedaços) e muitas cooperativas (pintou negócio novo, pintou cooperativa) estão nas mãos de traficantes, policiais e milicianos. Como não poderia deixar de ser. Fora o fato de que boa parte dos motoristas não tem sequer um documento chamado "Carteira de Habilitação" - aquele que a PM pede logo de cara quando pára um carro em bom estado só para espantar o tédio...
As eleições estão chegando e o caos nas ruas - por sinal, completamente abandonadas pela prefeitura - não parece que vai diminuir. Para completar, ficamos sabendo que os candidatos Marcelo Crivella, Jandira Feghalli, Paulo Ramos e Solange Amaral "assinaram documento se comprometendo a rever o convênio que transferiu para o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Detro) a fiscalização das vans. O acordo foi firmado entre o governo do estado e a prefeitura, mas as cooperativas de vans querem se livrar da fiscalização do Detro."
Ou seja, a farra das vans, das kombis e até das lotadas em carros particulares vai continuar em nome do populismo rasteiro, da desordem urbana e desse Deus que governa a mui denodada e leal cidade de San Sebastiam: o deus Dará...
A matéria completa sobre o compromisso dos candidatos com a esbórnia está aqui.
