domingo, 17 de novembro de 2013

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DO PT DE “DEMOCRATIZAR” A MÍDIA*

Por Victor Grinbaum

Em 2002, durante as eleições presidenciais, eu e um então amigo lançamos um blog. Após um longo tempo em busca de um nome, acabamos por batizá-lo de “Anti-Lula”. Nunca foi um título 100% de meu agrado, mas que acabou ficando por falta de um melhor.

Nossa pretensão era simples: colecionar artigos e reportagens que contrariassem a crença cristalizada na imprensa e em grande parte do povo de que o candidato petista à Presidência era o monopolista da virtude e da moralidade pública.

Rapidamente começamos a receber e encontrar pequenos traços de que Lula e seus partidários não eram criaturas tão ilibadas assim. E da mesma forma que choviam indícios de atitudes antiéticas dos petistas, éramos também bombardeados por todo tipo de ameaças e calúnias por parte da militância daquele partido. Mas como já esperássemos por aquilo, seguimos em frente.

Após a realização do primeiro turno das eleições, redobramos o empenho. Sabíamos que aquilo não tinha poder nenhum de influenciar no resultado final do pleito, mas queríamos apenas deixar um registro histórico para quando o futuro descobrisse aquilo que vínhamos alertando.

Até que faltando poucos dias para o segundo turno, este meu então amigo me telefonou. Ele morava em São Paulo e fora procurado pelo então presidente da Federação Israelita daquele Estado (Fisesp). O homem simplesmente EXIGIU que o “Anti-Lula” fosse imediatamente retirado do ar. A razão?

Na noite anterior, a Fisesp promovera uma palestra com um delegado da Polícia Federal que prestava serviços de “segurança virtual” àquela entidade. Mauro Marcelo de Lima e Silva era o seu nome. E no meio da palestra, realizada apenas para dirigentes de entidades judaicas, ele exibiu a home do “Anti-Lula” no projetor, e declarou: “Sou petista e serei o Chefe da Polícia Federal. Sou homem de confiança do futuro presidente da república e se os senhores não derem um jeito de tirar este blog do ar, a minha polícia não vai mais tirar nenhum site nazista do ar!”

Na mesma semana, havíamos aludido às ligações escusas entre Lula, José Dirceu e o empresário Roberto Teixeira. Teixeira era compadre de Lula e nós recebêramos de uma forme uma informação quentíssima sobre uma negociata entre os três personagens citados e os gestores da massa falida da Transbrasil. Estávamos ainda apurando a informação quando veio a “ordem superior” da Fisesp. O meu “sócio” imediatamente obedeceu e tirou o “Anti-Lula”, pois era prestador de serviços para a FISESP. E após a posse de Lula, Mauro Marcelo de Lima e Silva foi nomeado não apenas chefe da PF, mas diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Os anos se passaram e todas as sombras que levantamos no “Anti-Lula” se confirmaram. Inclusive as que envolviam o trio Lula/Dirceu/Teixeira. E Mauro Marcelo acabou exonerado de seu cargo na Abin, após também ter seu nome envolvido em escândalos.

Ontem, José Dirceu foi preso e conduzido à uma carceragem da Polícia Federal. Foi condenado por crime de corrupção cometido enquanto foi Ministro-Chefe da Casa Civil de Lula. Os demais envolvidos no caso do blog não foram presos.

Lembrei-me destas histórias hoje, lendo os jornais e curtindo o meu domingo. Fui envolvido em uma chantagem das altas esferas, mas estou aqui. Estou feliz? Não. Só um Dirceu na cadeia é muito pouco para a necessária depuração do país. E ainda sinto um travo amargo ao recordar que a chantagem só prosperou graças à covardia dos dirigentes da Fisesp.

Pouco me importa. Nestes anos todos, enquanto lulas e mauros marcelos viam apodrecer suas reputações, eu me dediquei a jogar um pouquinho de merda nas imagens destes “grandes líderes”. E se o Brasil ainda terá que percorrer um longo caminho até se livrar em definitivo da chaga petista, as entidades israelitas terão que correr muito até conseguirem de volta a confiança que as coletividades lhes retiraram.

Azar o deles!

* O ÚNICO  a comprar a briga de Victor foi Olavo de Carvalho no artigo “Estado policial já”, onde já denunciava a tentativa do PT de cassar a liberdade de expressão.