quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A HISTÓRIA DO AMOR DE FERNANDO E ISAURA, de Ariano Suassuna

Meu primeiro contato com a obra de Suassuna foi - como, aliás, como a maioria das pessoas - através de sua saborosa peça "O auto da Compadecida", um clássico das letras nacionais. Depois disso, li "O casamento suspeitoso", outra engenhosa peça teatral, muito divertida. Estas serviram de preâmbulo, digamos assim, para encarar sua obra mais robusta: "A pedra do reino".

Li "A pedra do reino" pela primeira vez a trabalho e, confesso, não gostei. Mas trago sempre comigo a idéia de que um livro pede para ser lido na hora certa. Quando é a hora certa? Sei lá eu. Sei que ela existe - e nos chama para degustar páginas e mais páginas. Reli - novamente a trabalho - e ali, lendo o livro com mais vagar, saboreando mais as palavras, percebi que "A pedra do reino" é uma das maiores obras já escritas na nossa língua. O Brasil está ali. O mundo está ali. Não sobra pedra sobre pedra.

Minha admiração por Suassuna só cresceu desde então. Tinha a certeza absoluta (ou quase absoluta) de que qualquer coisa dele que eu pegasse para ler me traria imenso prazer. Até me deparar com "A história do amor de Fernando e Isaura".

Bom, o livro é inspirado na história de Tristão e Isolda e aqui uma pausa para alumiar a minha cultura de almanaque. E a sua também, claro.

O nome "Fernando", de origem teutônica, significa "ousado" (olha aí, Gravz!!!), o mesmo significado do celta Tristão - nos informa o livro. Já Isolda não tem nada a ver com a Isaura deste romance, que foi inspirado em outro, do século XIX, escrito por Joseph Bédier, que por sua vez se inspirou em poemas mais antigos e outras variantes da lenda.

(Viu como você ficou mais culto?)

Fim da pausa.

Bom, esta longa introdução para dizer que este romance de Suassuna é ruim demais. Ruim, ruim, ruim. Mal escrito, história boba (apesar dos bons elementos folhetinescos que dariam um bom ponta-pé inicial numa novela), alguns diálogos sofríveis - o que é de se admirar num autor com texto pra lá de afiado, sobretudo na dramaturgia.

Diante das páginas de "A história de amor de Fernando e Isaura" nem de longe, nem com muito boa vontade, podemos antever o autor d'"A pedra do reino".

No sertão de Alagoas, o jovem Fernando vai buscar numa cidade próxima, a noiva de seu tio Marcos, que o criou como um filho, a pedido deste. Lá chegando, se apaixona por uma moça, que, por sua vez, também se apaixona por ele. Transam desesperadamente e só depois Fernando descobre que a moça que ele traçou era Isaura, noiva de Marcos, a qual ele ainda não conhecia.

A partir daí segue-se um dramalhão daqueles de deixar a Televisa no chinelo. O final é trágico como sói numa ocasião dessas. É, desta vez antecipei um pouco o final, coisa que não é do meu feitio, porque acredito que você não vai querer ler. Caso queira, não tenho nada com isso.

Não diga que eu não avisei...