Conversava eu com meu amigo Péricles tempos atrás sobre literatura. Eu disse que não me atreveria a escrever livros porque acreditava que não seria capaz de dar conta de um bom romance devido ao meu respeito aos grandes escritores. Já tentei e vi que nada do que realizava era bom. Pra que gastar papel à toa? Ele me respondeu que o problema era exatamente essa sacralização da literatura. "Escreva um romance como se ele fosse um argumentão".
Durante um tempo fiquei tentado. Estou acostumado a escrever argumentos, mas aí dei de cara com "Tão triste como ela", de Juan Carlos Onetti e desisti mais uma vez. A sensação que tive foi que o escritor uruguaio escrevia uma palavra por dia de tão precisas, de tão bem encaixadas que as vi ali, diante de mim. Recomendo o livro. Do meu lado, do lado do roteirista, me encantei com o conto "Jacob e os outros". Dava um belo filme.