sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UMA OU DUAS COISAS SOBRE “VIAGENS DE GULLIVER”

Não sou crítico literário e muito menos de cinema e isso qualquer um já percebeu. Me limito a apontar algumas coisas que me chamaram a atenção em determinadas obras. Acho que tudo já foi dito sobre esta obra-prima de Jonathan Swift e, se este livro vale a pena, é, em primeiro lugar, pela inesgotável criatividade de seu autor e, em segundo lugar, mas não menos importante, pela forma como ele encontrou de descer a ripa nos governantes da Inglaterra de sua época.

Comprei minha edição na feirinha de livros da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Pertence a uma coleção da Abril, lançada em 1971 – ano em que nasci – e da qual meu pai tinha comprado alguns números, como “Os irmãos Karamazovi”, “Os três mosqueteiros” e “Eugenia Grandet”. O problema é que estou perto dos 40 anos, a letrinha miúda me obriga a tirar os óculos e dá um sono terrível.

O curioso é que lá pro final da história (ou das histórias), o relato de Gulliver vai ganhando ares melancólicos, um desânimo profundo o atordoa depois de uma temporada passada num país cujos cavalos são seres racionais e os quase humanos (yahoos) são abjetos, mal conseguem falar, não evoluíram, diagamos assim. Dá até pra dizer que Roberto Carlos se inspirou em Swift quando cantou “eu queria ser civilizado como os animais”. Pois é isso mesmo que acontece: Gulliver é civilizado pelos cavalos daquele estranho país e mais: é mandado embora de lá no momento em que os houyhnhnms (os cavalos) estão decidindo se vão exterminar os yahoos ou “apenas” castrá-los para forçar o fim de sua espécie.

Recomendo profundamente. Se aceitam sugestão, comprem uma edição com uma letra maior.