quarta-feira, 13 de abril de 2011

GLAMOURIZAÇÃO DA BANDIDAGEM E DESARMAMENTO

Está no Segundo Caderno de hoje, sobre o filme “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia” (grifos meus):


“(…) o argentino naturalizado brasileiro Hector Eduardo Babenco levou seu blockbuster a uma sabatina no “Estado de São Paulo”, onde encarou um mito do jornalismo policial, Percival de Souza. Ao relembrar detalhes da biografia do assaltante de bancos, Percival contou: ‘Lúcio Flávio fica um pouco no altar, mas era um cara perigosíssimo e mau. Num de seus crimes, jogou seu carro em cima de um sujeito que estava numa praia tocando violão e deu vários tiros pelo prazer de matar’. Tal episódio foi descartado por Babenco (…) pois ele não queria retratar um vilão: ‘É um filme sobre a desintegração do aparato policial que começa a se transformar, gerando um grupo que passa a aniquilar indivíduos a partir de uma política de combate ao crime muito particular. É um filme sobre o medo que nós sentimos constantemente. Um filme que fala do terror que sentimos de ir a uma delegacia para denunciar que fomos roubados.’”


Isso foi em 1978. Percival de Souza estava certo: chega-se a sentir pena de Lúcio Flávio quando ele é assassinado na cadeia. Entendam: o assaltante era um filho da puta, mas a culpa é da polícia. Não se quer mostrar um bandido impiedoso, quer se mostrar a decadência do “sistema”. Por que não mostrar as duas coisas? Não! Afinal, o cara era “bonzinho” e virou um bandido por causa de uma série de coisas como o capitalismo, a ditadura, o preço do feijão … Menos por que… ele quis.

Glamourizam os bandidos, incensam meliantes, botam a culpa na polícia e na sociedade. E depois querem desarmar o cidadão.

É lindo!


PS – Trecho de um post de Reinaldo Azevedo que acabei de ler:

Vocês conhecem a atração que os marginais exercem em certa intelligentsia descolada.

Ô…