sábado, 14 de fevereiro de 2009

DA XENOFOBIA

O que eu acho engraçado em nós, brasileiros, é que sempre nos colocamos em conta do "povo gente boa". Digo isso por causa do suposto (não gosto muito dessa palavra, mas no caso é suposto mesmo) ataque sofrido pela brazuca lá na Suíça.

Quando o caso é a imigração para a Europa ou Estados Unidos e algum canarinho é maltratado, pronto! Basta para nos indignarmos. Todos os europeus são xenófobos, aqui eles são muito bem tratados e coisa e tal. É o caso clássico de nunca olhar para o próprio umbigo.

Anos atrás, um comercial de TV do Brasil brincava com um sujeito paraguaio que dizia, ao vender um aparelho eletrônico: "No precisa la garantía, la garantía soy yo." Esse era o juízo que fazíamos de um paraguaio: contrabandista, vendedor de produtos piratas, sujeito em que não se pode confiar. Os bolivianos, em São Paulo sobretudo, são tratados como escória, mão-de-obra mais barata que a própria mão-de-obra brasileira porque sem direitos, são ilegais. Achamos os argentinos ególatras.

Gostaria de ver até onde iria nossa tolerância com imigrantes sul-americanos. Hoje não dá pra fazer nenhum paralelo com o que acontece na Europa Ocidental, mas acredito que um dia, não sei quando e nem se estarei vivo, isso seja possível. Quando bolivianos, paraguaios e venezuelanos estiverem deixando seus países destroçados pelo bolivarianismo, eles podem tentar cruzar a fronteira. E "roubar" empregos dos brasileiros natos. E ter direitos a aposentadoria. E morar em conjuntos habitacionais com piscina, como árabes na França.

Não somos melhores do que ninguém. Como é que dizia aquela velhinha detetive da Agatha Christie, a Miss Marple? "A natureza humana é igual em qualquer parte." Do acolhimento à xenofobia, é um pulo...