quarta-feira, 29 de abril de 2009

HISTÓRIA DAS RUAS DO RIO, de Brasil Gérson - 6 (final)

E iniciando o que talvez seja o último post sobre o excelente livro de Brasil Gerson, vou logo avisando: a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas é mais velha do que andar pra frente. Aliás, dizem os geólogos, ela não é uma lagoa - estas não recebem a água do mar e sim uma laguna. Mas não vem ao caso. Desde 1880, os peixinhos que morrem por ali são velhos conhecidos da população.

Há também a história de que no Leblon haveria um quilombo. Isso não é bem verdade. O fato é que um comerciante de couros, o português José de Magalhães Seixas, possuía uma grande propriedade no bairro da agora Zona Sul carioca e era contra a escravidão. Como não podia combatê-la no Parlamento e pelos jornais, abrigava escravos fugidos em suas terras que passaram a ser chamadas de quilombo nas rodas abolicionistas.

A companhia de bondes relutava em levar seus trilhos para o distante areal de Copacabana, porque lá só havia "araçás e pitangas".

Foi no bom e velho bairro da Penha que se lançaram as bases científicas da moderna lavoura brasileira. Ainda bem que não havia o MST, não é? A tradição do bairro, não é só religiosa por causa da igreja de Nossa Senhora da Penha, um dos pontos turísticos da cidade.

Uma outra curiosidade que, na certa contribuirá para a cultura de almanaque de muita gente: o origem do nome do bairro Encantado:

Diz a tradição local, na boca dos antigos, que isso vem das artes e mandingas do modesto rio que corria pelas suas redondezas, dotado, porém, nas grandes chuvas do poder estranho de tragar tudo quanto nele caísse, e entre outras coisas por isso chegara a tragar certo dia uma carroça carregada de verduras, e mais o verdureiro e o burro que a puxava e que sumiram nas suas águas misteriosas.

Com isso chegamos ao final destas pálidas informações que compõem um mosaico riquíssimo que é o livro de Brasil Gérson cuja leitura é altamente recomendada. Pelo menos para aqueles que curtem História.

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Foto antiga da Igreja da Penha. Reparem na elegância dos frequentadores.