quinta-feira, 23 de abril de 2009

"DIAMANTE DE SANGUE"

image "Diamante de sangue" é uma espécie de "Cidade de Deus" só que passado num país inteiro. Para mim, infelizmente, já não existe mais novidade ao ver crianças empunhando fuzis, mãos serem cortadas e acho até que o pessoal de Serra Leoa deu sorte porque a "tecnologia" dos microondas dos traficantes do Rio ainda não chegou lá. Barbárie é igual em qualquer lugar. Claro que ainda não atingimos o estágio civilizacional de alguns países da África, mas não seria de se admirar se caminhássemos, até com certa serenidade para esta direção, até porque uma coisa nós sempre fizemos muito bem: botar a culpa de nossas misérias nos estrangeiros. Num determinado momento do filme o personagem Solomon, interpretado por Djimon Hounsou, que é este que segura o diamante cobiçado do filme, chega a dizer que os brancos negociam lá fora, mas não tem jeito: são os negros que brigam aqui dentro. Crianças aliciadas pelas forças rebeldes da Força Revolucionária Unida (URF) que queria derrubar o governo de Serra Leoa - e quase conseguiu -, treinadas para matar? Você já viu o Zé Pequeno fazendo isso com um moleque num beco da Cidade de Deus. Territórios de um país controlados por facções rebeldes (rebeldes o catzo, foras-da-lei mesmo), você vê em qualquer favela carioca. Nem o presidente da República pode entrar lá sem autorização.

É um bom filme, claro. Boas atuações do Leonardo Di Caprio, Djimon Hounsou (Digimon?), já citado, e a atormentada jornalista de Jennifer Connelly, que faz parte do coro do "Oh, o que estamos fazendo com este continente?!"

Repito: não há novidade para os cariocas em "Diamante de sangue".

Ah, sim: a luta de Solomon Vandy deu resultado, embora o contrabando de diamantes ainda alimente algumas fortunas sujas. O filme, naquela parte dos textinhos finais que dizem o que aconteceu depois da história contada (adoro filmes assim!), faz campanha para que só se compre diamantes limpos, ou seja, não provenientes do contrabando. Well, não seria o caso de descriminalizar o contrabando para se evitar mais violência e caos na África?

Uma última informação oriunda do filme: Serra Leoa está em paz.