sábado, 25 de abril de 2009

"OS INFILTRADOS"

image Vejo poucos filmes, o que é um pecado para quem trabalha escrevendo cenas. Mas agora adquiri um hábito: assisti-los no computador. Em uma semana, já vi uma penca deles. O último foi este que dá títulos ao post, "Os infiltrados", que tem, é claro, uma trama engenhosa e a grande característica de Scorcese: a matança que recai sobre todos os personagens... Até na "Última Tentação de Cristo", vocês hão de lembrar, o mocinho morre no final...

Com estes filmes, qual um Proust do cinema, corro em busca do tempo perdido. A locador aqui perto de casa não oferece muitas opções, mas até o momento ela tem dado pro gasto.

Não sei que tesão é este que Martin Scorcese tem pela máfia, mas o filme seria impraticável no Brasil. Há uma cena que me soa inverossímil. Quando o personagem de Leonardo Di Caprio (pra variar muito bem) vai procurar o chefe da polícia, interpretado por Martin Sheen, na calada da noite, não há um único mafioso de plantão nos arredores. Nem pra dizer ao chefão, Costello (Jack Nicholson) que tem caroço no angu. Costello, ao descobrir que tem um infiltrado em sua organização diz para Costigan (Di Caprio) algo assim: "Antigamente, ao descobrir uma coisa dessas, eu mataria todos os que trabalham comigo." Explicação forçada, pelo menos eu achei. Por que não mata? Chefões do crime organizado não gostam de, bem, de trabalhar desconfiando de ninguém. No mínimo, ele mataria uns dois ou três na frente de todo mundo até que o infiltrado se denunciasse.

Já a história do personagem de Matt Damon é mais crível, até porque é o que mais acontece por aí: bandidos infiltrados na polícia. Aqui no Rio a coisa é tão pesada que o ex-chefe de Polícia Civil está puxando uma etapa. E quando a coisa chega na cúpula é que - talvez - tudo precise recomeçar do zero.