segunda-feira, 1 de junho de 2009

"AQUI. HOJE."

Já somos o esquecimento que seremos.
A poeira elementar que nos ignora
e que foi o ruivo Adão e que é agora
todos os homens e que não veremos.

Já somos na tumba as duas datas
do princípio e do término, o esquife,
a obscena corrupção e a mortalha,
os ritos da morte e as elegias.

Não sou o insensato que se aferra
ao mágico sonido de teu nome:
penso com esperança naquele homem

que não saberá que fui sobre a Terra.
Embaixo do indiferente azul do céu
esta meditação é um consolo.

Jorge Luis Borges