sábado, 9 de janeiro de 2010

O GOLPE DE ESTADO DO PT

Malandramente, o Çábio de Garanhuns assinou o decreto do Plano Nacional de Direitos Humanos no apagar das luzes de 2009. Este decreto talvez seja uma das traduções mais perfeitas do ditado que diz de “de boas intenções, o inferno está cheio”. Sob a bandeira mui respeitosa dos direitos humanos ficamos sabendo no ano da graça de 2010 que a tal Carta ao Povo Brasileiro, aquela que acalmou mercados e os eleitores que ainda hesitavam em votar em Lula, era apenas embromação para que, posteriormente, se pudesse dar “um passo adiante” para o controle total do Estado por parte de conselhos, comitês, da tal sociedade organizada, dos movimentos “sociais”. Enfim, do PT.

A estrovenga ia passando assim, de mansinho, apenas como um desentendimento entre militares e alguns membros da cúpula revanchista do governo quando Reinaldo Azevedo resolveu ler esse troço e destrinchou as reais intenções do decreto. Na verdade, ele é um intrumento de poder, uma espécie de xeque-mate no Judiciário e o início da “bolivarização” do país, que ficaria refém de plebiscitos, referendos, invasões de terra mediadas pelos defensores do MST, devotados cruzados que “fiscalizariam” e cassariam concessões de TV, democratizando, na novilíngua dessa gente, a mídia. E democratizar a mídia pra esse pessoal é fechar a Globo e a Editora Abril. O resto talvez possa negociar a sobrevivência, tornando-se mais um instrumento da luta petista e sua ala mais radical na luta por uma sociedade “mais justa e solidária”. E sem classes, é claro.

Os meios de comunicação pareceram acordar – ainda a tempo – diante do Leviatã petista. A bancada ruralista – que, quem diria, passou a ser um dos pilares da defesa da democracia representativa – já vinha ensaiando uma reação contra o monstro que nascia.

No Manhattan Connection, Diogo Mainardi foi claro: quem segurou os bolcheviques do PT foi Lula. Quem segurou a sanha revolucionária dos amantes de Stálin e Mao, foi Lula. E cabe aqui uma divagação: a ideia do Çábio é eleger Dilma e voltar em 2014. Lamento dizer, mas se a “Mãe do PAC” vencer, Lula já era. Ele não será mais útil ao partido. Ele não é aquele caudilho que “voltará nos braços do povo” ao meu ver. Ele está armando a sua própria arapuca ao tentar ser esperto. Com o PT enfronhado em todas as esferas do poder, ele pode esquecer o seu retorno triunfal, o Planalto e o que mais seja. Estará descartado porque o principal já terá feito: propiciar ao PT o poder total da máquina pública.

É claro que o decreto não é definitivo. Mas não se enganem: esta será a pauta das eleições. Uma forma de acuar a oposição. É um golpe branco de Estado que, se ainda não foi perpetrado, terá quatro anos para se consolidar nas mãos de Dilma Roussef. Seja como for. O decreto aponta a necessidade da criação de 27 leis que podem ou não passar pelo Congresso. Mas se pode confiar nesse Congresso? Se pode confiar na lisura do Congresso? Pelos últimos escândalos é quase um milagre acreditar que os deputados e senadores possam barrar o PT em seu caminho para tornar o Brasil um país fascista.

Agora que foram flagrados com a mão na cumbuca, é bom ficar de olho nesse pessoal. O país que querem Tarso Genro, Franklin Martins e Paulo Vannucchi não é um país democrático. É uma república bolivariana. Com tudo de mau que isso pode trazer.

Acho que agora já deu para entender o que é o Foro de São Paulo, não é? Sim, porque tudo isso estava previsto nas atas da entidade. As vivandeiras estavam certas…