Não sei se vocês conhecem o cineasta japonês Yazujiro Ozu. Se não conhecem assistam agora “Pai e filha” e “Era uma vez em Tóquio”. São obras de extrema delicadeza, mas ao mesmo tempo muito profundas. Justamente como os dois romances de Kawabata que eu li: “A casa das belas adormecidas” (que serviu de inspiração para Gabriel García Márquez escrever “Memórias de minhas putas tristes”) e este “O país das neves”. Kawabata parece tirar histórias de onde pensamos que não as há. Vejam que coisa: “O país das neves” é um livro poético, sensível e extremamente sensual. Apesar de sensual, e de tratar de um triângulo amoroso, não há uma única cena de sexo. Nem uma única linha relatando o aquilo naquilo. No entanto, há sempre uma tensão sexual passeando nas suas linhas. Está sempre ali, fumegando. Sensacional. Como todo bom escritor japonês, Kawabata se matou em 1972, quatro anos depois de ter sido agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.
“Cabeça de extremista”
Há 14 horas