sexta-feira, 27 de junho de 2008

EM DEFESA DE ISRAEL, de Alan Dershowitz (Parte 4 de 12)

Continuando o nosso resumo, fala-se agora das guerras entre árabes e israelenses a fim de se clarear mais este assunto.

AS GUERRAS DE ISRAEL

1. A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA

Depois da partição, Israel precisou lutar pela sua independência. Não é preciso ser muito malandro para perceber que muitos viram a guerra de independência como uma agressão expansionista e que foi iniciada pelo novo Estado. É um erro. O fato é apenas um só: Israel se defendeu contra uma guerra de extermínio genocida.

Assim que Israel declarou sua independência, o Egito, a Jordânia, a Síria, o Iraque e o Líbano, com a ajuda da Arábia Saudita, do Iêmen e da Líbia, atacaram o novo país dispostos a exterminá-lo. Assim, no peito e na raça.

O primeiro ataque contra Israel veio pelo ar. Os egípcios bombardearam Tel Aviv. Assim como no passado, os ataques tinham como alvo civis inocentes.

Antes de adentrarmos na seara das guerras envolvendo Israel e países árabes, cabe aqui uma informação dada por Alan Dershowitz:

"O modelo das lutas passadas e futuras estava assim estabelecido: os árabes alvejariam áreas civis - cidades, vilarejos, kibutzim e moshavim - procurando matar tantas crianças, mulheres, idosos e outros civis desarmados quanto possível, ao passo que os israelenses responderiam alvejando soldados, equipamento militar e outros alvos legais. Os ataques militares que têm civis como alvo violam a lei internacional e a lei da guerra, mas esses têm sido e continuam sendo os alvos escolhidos não apenas por terroristas árabes e guerrilhas, mas também pelos exércitos constituídos da Jordânia, Egito, da Síria e do Iraque. Esse é simplesmente um fato histórico, e nenhum historiador militar razoável tentou negá-lo."

Ok, ok, ok. Já vejo carinhas raivosas acusando a parcialidade do autor. Com um sobrenome desses tá na cara que o sujeito está tomando um partido! Mas, porra, com um livro que tem esse nome, vocês queriam o quê?

- E quando Israel ataca alvos civis na Palestina? Disso o mané não fala!

Fala, sim! Calma, que ele fala:

"O exército de Israel, como qualquer outro exército no mundo, matou civis ao atacar alvos militares (...)"

Tá vendo? Ele fala. E ainda completa:

"(...) especialmente porque os exércitos árabes e grupos terroristas muitas vezes escondem e protegem seus alvos militares por deliberadamente os cercarem de escudos civis."

Isso já cansamos de ver.

Ah, é? E por que o mesmo não acontece quando Israel é atacado?

Simples:

"Israel tem suas bases militares isoladas o tanto quanto possível dos seus centros de população civil."

Por que os árabes não fazem o mesmo?

"Existe, evidentemente, uma enorme diferença em moralidade, bem como na lei entre alvejar expressamente civis, como os árabes têm feito há tempo, e atingir civis colateralmente, que se encontram próximos a alvos militares apropriados que oferecem perigo contínuo."

O ataque árabe 1947-1948 foi chamado por Edward Said de "guerra palestina bicomunal". Vamos fingir que acreditamos. Dershowitz diz:

"Com o grande custo em vidas humanas - Israel perdeu 1% de sua população total -, o despreparado exército de Israel derrotou os exércitos árabes invasores e os atacantes palestinos.

(...)

Ao derrotar os exércitos árabes, Israel conquistou mais terra do que lhe havia sido concedida pela partição da ONU. Grande parte da terra recém-conquistada tinha uma significativa população judaica e também colônias, como na Galiléia ocidental. Essa terra tinha que ser conquistada para garantir a segurança de seus residentes civis judeus."

Há que se tocar também num outro assunto: nenhum país árabe, de fato, queria um estado palestino independente. Isso aconteceu por pura implicância. Os jordanianos queriam a margem ocidental e os egípcios a Faixa de Gaza. Não queriam entregar esses territórios para um novo estado:

"Ninguém pode culpar Israel pela decisão egípcia e jordaniana de ocupar terras alocadas aos palestinos para um Estado e por negar aos palestinos o direito à autodeterminação nessas terras."

Nisso ninguém fala:

"A ocupação da Palestina pela Jordânia e pelo Egito jamais foi condenada pela ONU nem foi alvo de expressão de preocupação dos grupos de direitos humanos. De fato, nem os palestinos fizeram grandes protestos."

2. A GUERRA DOS SEIS DIAS

Esta é a guerra "preferida" da rapaziada que adora culpar Israel por qualquer peido mal dado lá no Oriente Médio. De fato, Israel deu o primeiro tiro. Acontece que a vida é cheia de conjunções adversativas.

Israel deu o primeiro tiro contra o Egito, mas não porque eles são feios, bobos ou tenham caras de mamão. Mas porque os caras resolveram fechar o Golfo de Ácaba à navegação israelense e ordenar a remoção das tropas de ONU do Sinai. A proibição era apenas aos navios de bandeira israelense. E foi reconhecida como um ato de guerra. O presidente egípcio [Gamal Abdel] Nasser disse, todo pimpão:

- Sabíamos que o fechamento do golfo de Ácaba significava guerra com Israel. O objetivo era a destruição de Israel.

Mais uma vez foi planejada uma guerra de extermínio. Rádios incitando os ouvintes, o presidente sírio queria "pavimentar as estradas árabes com os crânios dos judeus", as autoridades do Cairo estimulando a liquidação de Israel - e por um precinho nada camarada.

Não era retórica: tropas já se juntavam nas fronteiras de Israel.

"Depois de esgotar todas as opções diplomáticas e ficar sabendo que o Egito estava preparando um ataque iminente e havia feito vôos de reconhecimento sobre o território israelense, a força aérea israelense atacou os aeroportos egípcios, sírios e iraquianos na manhã de 5 de junho de 1967. Teria qualquer nação razoável agido diferentemente se colocada diante de ameaças de aniquilação comparáveis?"

Bom, eu teria ordenado a mesma coisa, mas tem presidente por aí que até ajudaria a comprar os aviões inimigos... Bom, essa é outra história...

Desta feita, Israel tomou providências para que a maior parte das lutas ocorressem em locais longe dos principais centros populacionais. As perdas civis foram baixas realmente para Israel - que apesar de ser atacado pela Jordânia, não respondeu aos ataques num primeiro momento. Só depois que os jordanianos bombardearam áreas residenciais de cidades como Kfar Sirkin, Netânia e Kfar Saba, os israelenses atacaram os aeroportos jordanianos e iniciaram a ofensiva para tomar a margem ocidental e a Cidade Velha de Jerusalém - o que acabou ocorrendo.

E já que Israel é eternamente acusado de genocídio, que tal dizer que o número de baixas civis árabes foi menor do que em qualquer guerra comparável na história moderna?

O maior impacto da Guerra de Seis Dias, diz o autor, foi a ocupação em si.

Já que se mete o malho primeiro para se ficar com cara de bocó depois, o que dizer da Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, que "pela primeira vez na História, ordenou que uma nação devolvesse territórios legalmente conquistados numa guerra defensiva"?

E que tal sublinhar que Israel cumpriu todos os princípios operativos da Resolução, devolvendo território ao Egito quando este país terminou todas as suas reivindicações beligerantes contra Israel? Devolveu também terras reclamadas pela Jordânia e propôs devolver à Autoridade Palestina quase todo o território restante conquistado da Jordânia em troca de paz. Os palestinos recusaram essas ofertas nas reuniões de Taba e Camp David em 2000. E, claro, revelando a natureza do escorpião, passaram a apelar novamente para o terrorismo...

Ah, antes que eu me esqueça:

"Os principais estados árabes, junto com a liderança palestina, (...) categoricamente rejeitaram os princípios da Resolução 242, em 1967, porque esta requeria a paz com Israel, o que eles obstinadamente se recusavam a fazer."

De brinde, veio a declaração dos três nãos:

"Não à paz com Israel, não às negociações com Israel, não ao reconhecimento de Israel".

Dershowitz diz:

"Qualquer possibilidade de uma resolução de dois Estados - ao longo das linhas propostas pela Comissão Peel, em 1937, e pela ONU, em 1947, e imediatamente aceita por Israel - era assim categoricamente rejeitada pelos palestinos, que exigiam total controle da Palestina inteira, apesar de estarem do lado perdedor de quatro guerras de agressão (a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, a guerra de 1947/1948 contra Israel e a Guerra dos Seis Dias). Aba Eban, o ministro do Exterior de Israel, observou que essa foi 'a primeira vez na história que terminou com os vitoriosos servindo à paz e os derrotados requerendo uma rendição incondicional'".

E mais:

"A Constituição Palestina também exigia a transferência para fora da Palestina de todos os judeus, exceto aqueles que 'haviam normalmente residido na Palestina até o começo da invasão sionista'. Aos olhos dos palestinos, desde que a invasão sionista havia começado, muitos anos antes - mais recentemente em 1917 e, anteriormente, em 1882 -, esse procedimento iria requerer a transferência de milhões de judeus cujos pais e avós haviam vivido, no que agora era Israel, por gerações e, em muitos casos, por um período muito mais longo do que os palestinos que os deslocariam.

Desde que a Jordânia, da qual Israel havia consquistado a margem ocidental numa guerra defensiva, subseqüentemente renunciou a todas as reivindicações territoriais a favor da Autoridade Palestina, e como esta rejeitava a paz em troca da margem ocidental (em contraste com a Palestina toda, inclusive Israel), a Constituição Palestina criava um impasse. Não havia entidade para a qual Israel pudesse devolver a margem ocidental atendendo à Resolução 242, mesmo que quisesse, enquanto os palestinos se recusassem a cumprir o Princípio II da Resolução 242, que requeria o 'fim de todas as reivindicações ou estados de beligerância' e reconhecimento do direito de Israel à 'soberania, integridade territorial e independência política.'"

Apesar disso os Noam Chomsky da vida, anti-Israel chova ou faça sol, desorientaram estudantes "dizendo-lhes que Israel e os Estados Unidos são Estados que sempre se opuseram a esse compromisso político, enquanto os Estados árabes e a OLP o haviam aceito."

3. A GUERRA DO YOM KIPPUR

"Em 1973, o Egito e Síria desfecharam ataques-surpresa contra Israel, o dia mais sagrado do ano judaico. Os ataques também aconteceram no Ramadã, um período em que os líderes muçulmanos proclamam que um ataque a eles violaria princípios religiosos e mostraria desrespeito pelo Islã.

(...)

"Israel aprendeu algumas lições importantes da guerra de Yom Kippur. Primeiro, e principalmente, descobriu como era vulnerável a um ataque-surpresa, mesmo com fronteiras expandidas. Em preparação ao ataque, o Egito tinha obtido grandes quantidades de mísseis Scud, que 'podiam atingir os centros populacionais de Israel'. Novamente, o objetivo árabe era matar tantos civis quanto possível, apesar do fato de que o ataque deliberado a alvos civis é um crime de guerra e uma violação da lei internacional. O ataque inicial egípcio incluiu uma tentativa de jogar bombas em Tel Aviv, que foi impedida pelos interceptadores da força aérea israelense.

(...)

Israel aprendeu uma outra lição importante dessa disparidade em definir a vitória na guerra: qualquer líder árabe que pode infligir sérios danos à Israel é motivado a fazê-lo, mesmo se sua nação perder a guerra. Essa é a triste realidade por uma série de razões. Primeiro, os riscos são menores para os países árabes que perdem guerras contra Israel. Podem perder algum território (que podem recuperar em troca do oferecimento de paz) e alguns soldados, mas a existência de sua nação e as vidas dos seus civis não estão em risco. Segundo, qualquer líder árabe que tem a mínima possibilidade de derrotar Israel será louvado e recompensado por tentar e, talvez, condenado ou mesmo derrubado se não tentar."

* * *

Na 5ª parte deste resumão, na próxima sexta, dia 4 de julho, você vai ficar sabendo um pouco mais sobre o terrorismo como forma de propaganda. Além disso, responde-se à perguntinha "Por que Israel pode ter armas nucleares e o Irã, não?"

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