sexta-feira, 11 de junho de 2010

JUDEUS SÃO O PROBLEMA

CHARLES KRAUTHAMMER – WASHINTON POST

O mundo está horrorizado com o bloqueio israelense a Gaza. A Turquia denuncia sua ilegalidade, desumanidade, barbaridade etc. Os habituais suspeitos da ONU, o Terceiro Mundo e os europeus, aderem. O governo Obama hesita. Mas, conforme escreveu Leslie Gelb, ex-presidente do Conselho de Relações Exteriores, o bloqueio não só é perfeitamente racional como legal.
Gaza, sob o Hamas, é um inimigo declarado de Israel — declaração apoiada em mais de 4 mil foguetes disparados contra território israelense.

Na Segunda Guerra Mundial, os EUA, com legalidade total, bloquearam Alemanha e Japão. Em 1962, durante a Crise dos Mísseis, em Cuba, os EUA bloquearam a ilha. Navios russos com armamentos que se dirigiam a Cuba deram meia-volta porque os soviéticos sabiam que a Marinha americana ia abordá-los ou afundá-los. Ainda assim, Israel é acusado de crime internacional por fazer o que John Kennedy fez: impor um bloqueio naval para impedir que um Estado hostil obtenha armas letais.

Oh, mas os navios não iam para Gaza em missão humanitária? Não. Se fossem, teriam aceitado a oferta israelense de levar os suprimentos a um porto em Israel, onde seriam inspecionados para verificar a presença ou não de material militar, e depois levados por terra para Gaza — conforme 10 mil toneladas de alimentos, remédios e outros suprimentos humanitários são enviados toda semana por Israel a Gaza. Por que a oferta foi recusada? Porque, como admitiu a organizadora Greta Berlin, o objetivo da flotilha era furar o bloqueio, acabando com o regime israelense de inspeções, o que resultaria no fim das restrições à entrada de navios em Gaza e no armamento ilimitado do Hamas.

Por que Israel foi obrigado a adotar o bloqueio? Porque é o recurso diante do fato de o mundo considerar ilegítima a forma tradicional de o Estado judeu se defender — avançada e ativamente.

(1) Defesa avançada: um pequeno país, densamente povoado e cercado de Estados hostis, adotou a estratégia de fazer guerra em território inimigo (como no Sinai e nas Colinas de Golã), em vez de em seu próprio território.

Onde possível, Israel trocou terras por paz. Mas onde as ofertas foram recusadas, o país reteve o território como uma zona de proteção. Reteve uma pequena faixa no Sul do Líbano para proteger as aldeias ao Norte do Estado judeu. E teve muitas baixas em Gaza para não expor cidades fronteiriças aos ataques terroristas palestinos. Mas, sob forte pressão externa, Israel desistiu. Disseram-lhe que a ocupação era ilegal e estava na raiz das insurgências contra o Estado judeu — então, a retirada, ao remover a causa, traria a paz.

Terras por paz. Na última década, Israel deu terras — evacuou o Sul do Líbano, em 2000, e Gaza, em 2005. O que ganhou em troca? Intensificação da beligerância, pesada militarização do inimigo, sequestros múltiplos, ataques pela fronteira, anos de incessantes bombardeios com foguetes.

(2) Defesa ativa: o país adotou então a defesa ativa — ação militar para dividir, desmantelar e derrotar (para usar as palavras do presidente Obama sobre a campanha americana contra o Talibã e a al-Qaeda) os miniestados terroristas no Sul do Líbano e em Gaza, após a retirada israelense. Resultado? A guerra do Líbano em 2006 e a operação em Gaza em 2008-09. Elas foram recebidas com outra avalanche de críticas e calúnias pela mesma comunidade internacional que exigira a retirada israelense no esquema terras por paz.

(3) Defesa passiva: sobrou a Israel a defesa mais passiva e benigna de todas — bloqueio para evitar o rearmamento do inimigo. Também este recurso está a caminho de ser deslegitimado pela comunidade internacional.

O que resta? Este é o ponto. É o ponto para os simpatizantes do terror e idiotas úteis da flotilha, para a organização turca que a financiou, para o automático coro anti-israelense no Terceiro Mundo e na ONU e para os indiferentes europeus.

O que resta? Nada. O objetivo da incessante campanha internacional é privar Israel de toda forma legítima de defesa.

O mundo está cansado desses judeus problemáticos, 6 milhões — este número de novo — no Mediterrâneo, recusando todo convite ao suicídio nacional.

Eles são implacavelmente demonizados, isolados e coagidos a não se defender, mesmo que antissionistas — iranianos em particular — preparem abertamente uma solução mais final.