quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FILMES, FILMES E MAIS FILMES–O QUE EU VI E ACHEI BOM EM 2010

Em primeiro lugar, devo dizer que nesta lista constarão filmes antigos, clássicos mesmo, mas que eu ou não tinha visto ou revi já com a agudeza que os 39 anos de idade proporcionam – ou não.

E vou falar um pouco de alguns dos 83 filmes que vi este ano. Isso não significa que eu não tenha gostado do resto. De alguns eu não gostei mesmo, mas quero falar dos bons.

Começo por Woody Allen mostrando um iracundo Larry David em WHATEVER WORKS, com ótimas piadas e um final do tipo “que porra é essa?”. Foi uma recomendação de meu amigo Haroldo numa tarde regada a chope no Leme. Vi e gostei.

Prossigo com um dos melhores filmes de vampiro de todos os tempos: DEIXE ELA ENTRAR. Ousado, singelo, retratando a amizade entre uma vampirinha e um garoto solitário com ótimos desdobramentos. Sabe aquela coisa de “por que eu não pensei nisso antes?”. É por aí.

TRÊS MACACOS é um filme turco com uma boa virada no final mas o que mais me impressionou foi a expressividade dos atores. É como se o filme pudesse ser contado só com o rosto deles. A história é boa, vale a pena uma olhada.

UM PROFETA conta a história de um presidiário de origem muçulmana e seus perrengues na França até se tornar o fodão da peniteniciária. Aqui, vemos que independente do país, o sistema prisional é praticamente o mesmo: bandidos velhos de guerra mandando e controlando o crime de dentro da cadeia.

UM HOMEM SÉRIO, dos irmãos Coen é uma maravilha. UM CORAÇÃO LOUCO mostra Jeff Bridges no papel de Jeff Bridges, mas mesmo assim gostei.

Tô falando dos mais novos e aqui está cabendo A FITA BRANCA tido por muitos um filme que mostra as origens do nazismo, o que o próprio diretor cansou de negar: é um filme sobre as origens do mal de forma geral, mas sabe como é: o povo não pode ver alemão fazendo maldade que já vai logo dizendo que é a semente do nazismo…

O GRUPO BAADER-MEINHOF mostrando um típico grupo terrorista de esquerda, daqueles que pensam que só vão matar, mas quando começam a morrer se revoltam mais ainda. Eis aí uma das heranças de Maio de 68.

MEGAMENTE é o meu momento-papai. Fui com o mais velho ver o filme que dá, pra quem quiser começar a se aventurar no maravilhoso mundo dos roteiros, a lição mais básica de todas: um personagem tem que ter objetivo. E o Megamente é ou não é a cara do Smigol do SporTV?

Pra arrematar a sessão de filmes novos, cito O SEGREDO DE SEUS OLHOS, que mostra como o cinema argentino está milhões de anos-luz na nossa frente. Sabem falar de ditadura sem cair naquele maniqueísmo idiota que os cineastas (diretor de cinema aqui é cineasta, sabe-se lá Deus o motivo). É um filme que fez acreditar em alinhamento de planetas interferindo em questões terrenas: só isso pode explicar a atuação iluminada do elenco.

Vi muita coisa boa como ZELIG, A QUEDA!, RASHOMON, UMA NOITE EM CASABLANCA com os Irmãos Marx, O LIVRO DE ELI (como recomeçar depois do mundo como o conhecemos ter acabado – foi a questão que me pegou), DESCONSTRUINDO HARRY, HANNAH E SUAS IRMÃS, 2001 (afinal, que porra é aquele monolito?), ASAS DO DESEJO, DANTON (ah, as revoluções: sempre devorando os revolucionários!), MEPHISTO, STALKER (que me pareceu uma das fontes de “Lost”), O FILHO DA NOIVA (los hermanos de nuevo), TRONO MANCHADO DE SANGUE (o MacBeth de Kurosawa)…Muita coisa boa…

Mas encerro com LUZ DE INVERNO, de Bergman, um claro exemplo de como pegar uma história simples e tirar dela toda a complexidade que se quer. Bergman pe um dos maiores roteiristas da História. Detalhe para o Cristo da igreja onde se passa parte do filme: é o mesmo de O SÉTIMO SELO.

Bom, é isso.