quinta-feira, 23 de junho de 2011

CHEHERAZADE, A PRIMEIRA JANETE CLAIR

Estou encarando “As mil e uma noites”. Mesmo. Não é adaptado, não é compilação das melhores. Nada. São as mil e uma mesmo.

Apesar de não ter chegado sequer na vigésima noite, há coisas que não se pode deixar de perceber. Uma delas é que Cheherazade (ou Sherazade) foi a primeira Janete Clair da história. Ou podemos dizer que Janete é uma legítima representante da linhagem da mulher do sultão Chanriar.

Antes de começar a ler, eu pensei que a proposta do livro era mais simples: a sultana começava a contar uma história e, ao amanhecer do dia, ela parava, deixava o sultão sanguinário curioso e a trama continuava na noite seguinte.

Ledo ivo engano!

Cheherazade consegue a proeza de contar quase três histórias ao mesmo tempo. Há uma trama básica, outra que serve de apoio moral à segunda e uma terceira que sai da segunda. Ou seja, Cheherazade não só criou as telenovelas como também as tramas paralelas. Extremamente engenhoso. Cheherazade fecha a terceira, depois a segunda e da história-base já surge outra. As mil e uma noites não possuem mil e uma histórias. São umas trezentas que se desenrolam durante mil e uma ocasiões. É ou não é uma novela? E sem barriga!

É um texto pra lá de atual, moderno, cheio de reviravoltas. Estou encantado e nem precisei esfregar nenhuma lâmpada!