O Brasil continua a sua caçada a cidadãos comuns. Uma caçada implacável, diuturna, que começa nos impostos escorchantes que só a Carta Capital gosta e termina nas infindáveis blitzen de Lei Seca, que resolve atazanar a vida de quem tomou três tulipas de chope.
Em Brasília, a caterva do governador Agnelo Queiroz aumentou a dose de divertimento dos burocratas ao aprovar o uso de armas não-letais para conter motoristas nas blitzen. Isso mesmo. Leia o comentário de um leitor do Globo, que assina como Gaúcho-Londres:
Tasers são armas utilizadas contra criminosos de alta periculosidade aqui no Reino Unido (tipo Raoul Moat). Vão usar contra o motorista comum? Maneiro.
Agora, façamos um pequeno exercício: imagine se uma lei como essas é aprovada para conter bandidos em liberdade condicional que estejam, digamos, usufruindo do seu tempo livre para “faturar algum" de alguém!
Puta que o pariu! Ia ser um salseiro do caralho! No dia seguinte, Maria do Rosário estaria aos prantos exigindo o mesmo tratamento aos velhinhos broxas de cinco estrelas que ela persegue com obstinação! Marcelo Freixo já estaria dando chicotadas no próprio lombo em penitência! A Anistia Internacional já estaria querendo invadir o Brasil com tropas de paz da ONU por se tratar de uma afronta a um direito elementar da bandidagem: roubar, se puder, matando!
Mas como a vítima agora é o sujeito que não cometeu crime nenhum, a não ser tomar um chope com os amigos, ninguém vai falar nada. É claro que existem os motoristas filhos da puta que fazem merda. Mas existe também a porra do abuso de autoridade, que leva qualquer pessoa decente a um ataque de nervos. E, claro, alguns agentes de trânsito já estão esfregando as mãos: a caixinha de Natal vai engordar sobremaneira neste apagar das luzes de 2011!
