BRASÍLIA. O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero, criticou ontem o projeto de lei aprovado na última quartafeira, na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, que proíbe qualquer tipo de publicidade dirigida ao público infantil em jornais, revistas, rádios, tevês, internet e mesmo nas embalagens e pontos de venda (...)Ai, ai, ai... Eu fico comovido com a preocupação do Estado em relação ao meu filho, mas posso afirmar que do meu garoto cuido eu. E ele mesmo cuida de si, porque ele sabe muito bem o que é publicidade e o que não é, a ponto de trocar de canal quando dá o intervalo comercial para procurar outros desenhos.
Se os nossos parlamentares tivessem o empenho que têm no que diz respeito à fúria regulatória e à asfixia dos meios de comunicação em outras áreas, poderíamos ter a esperança de que a saúde, a educação, o nível de corrupção e a segurança pública deste país seriam muito melhores. Mas não: estão preocupados com a propaganda do Playmobil e muito atentos ao Negresco do meu filho.
À deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG), autora do substitutivo dessa estrovenga, um aviso:
- Dona, do meu filho cuido eu!
Como se não bastasse, o deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB-PR, defende o substitutivo, afirmando que todos os países civilizados já adotam restrições a este tipo de propaganda.
Ah, é? Muitos países civilizados reduziram a maioridade penal. Alguns países civilizados adotam a pena de morte. Os países civilizados da União Européia apertaram o cerco contra a imigração ilegal. Na Holanda, país civilizado, você não pode fumar cigarro, mas maconha tá beleza. Na Suíça, você podia (ainda pode?) se picar numa praça pública.
Deixem o meu filho sossegado! Ele tem família. Ninguém precisa decidir por nós o que é bom ou o que é mau pra ele.