segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O PODER DA MAÇONARIA, de Marco Morel e Françoise Jean de Oliveira Souza

Quem vê o título deste livro tem a impressão de que ele vai falar de um sociedade secreta ultra-poderosa que, em alguns momentos da História, teve participação decisiva nos acontecimentos que mudaram o rumo do planeta.

Quem pensar assim, não estará completamente errado. Mas não estará totalmente certo. O fato é que a maçonaria não teve tanta influência assim. Até porque, ao contrário do que pensa - ou pelo menos do que eu pensava - nunca existiu A maçonaria. E sim várias maçonarias.

Devido ao seu caráter secreto, muitas teorias da conspiração se levantaram contra a maçonaria. Quanto mais era atacada, mais isso contribuía para que "os pedreiros-livres emergissem como importantes agentes históricos aos olhos da sociedade, o que, de alguma maneira, acabou propagandeando a maçonaria e tornando-a, no imaginário popular, bem mais poderosa do que, de fato, ela foi ou é", como dizem os autores.

O que não se pode tirar da maçonaria é o fato de que ela foi, durante séculos, um verdadeiro campo para a livre circulação de idéias, da livre expressão. Mas

"por outro lado, em situações críticas como nas ditaduras no Brasil no século XX, (...) a organização negou tal preceito de liberdade de consicência." Era o "mundo profano" se imiscuindo no interior das lojas.

"O poder da maçonaria" traz também algumas curiosidades. Bem, pelo menos para mim algumas informações são bem interessantes, sobretudo quando elas contribuem para elevar a minha cultura de almanaque. Uma das que estão no livro é a que diz que a verdadeira data da independência do Brasil é 12 de outubro de 1822. E que, ao contrário do que muitos pensam, a independência não foi apenas uma ação entre amigos. Muitos de nós lutaram sim para expulsar as tropas portuguesas. Muito sangue, muita morte. O país só se veria 100% libertado de sua condição de colônia em 1825.

Também podemos conhecer a história fascinante de Joaquim Cândido Soares Meirelles, um homem obstinado, um dos fundadores do que seria a futura Academia Imperial de Medicina, defensor da alopatia contra a homeopatia, Médico Imperial da Câmara dos Deputados, conselheiro do Imperador e dono do jornal Sentinela da Liberdade. Conseguiu se destacar tendo ainda que enfrentar o racismo. Meirelles era mulato - palavra que hoje em dia parece mais um palavrão devido à patrulha dos movimentos negros - numa sociedade escravagista. E, sim, era maçom.

Como não poderia deixar de ser, a maçonaria foi duramente perseguida pelos fascistas e seus irmãos gêmeos, os socialistas devido ao caráter fechado da instituição.

Para quem se interessa pelo tema maçonaria, é uma boa pedida. Não é uma defesa da maçonaria. Muito menos um ataque. É História. Os autores não são maçons.

(Este é o segundo livro da parceria deste blog com o Grupo Ediouro. Acredito que muitos outros virão. É bom frisar novamente que o fato de eu ganhar o livro não significa que eu precise falar bem dele. Se não gostar, meto o malho sem o menor problema. Ocorre que a editora oferece uma lista de livros. Então, Titio Persegonha sempre escolhe aquele que mais lhe interessa. Corre-se assim, menos risco de se pegar um abacaxi pela frente...)

Aqui, o link para o mini-site do livro.