sexta-feira, 17 de abril de 2009

HISTÓRIA DAS RUAS DO RIO, de Brasil Gerson - 4

A gaiatice carioca é histórica também. Fazemos parte daquele tipo de gente que perde o amigo mas não perde a piada. Desde os tempos em que existiam casas ajardinadas na Prainha, onde hoje é o porto, carioca faz piada até com desgraça. Uma das ladeiras da cidade, lá pros lados do morro da Saúde ganhou a alcunha de Quebra-Bunda, porque foi construída em cima de uma pedra escorregadia, sem escadinhas e o curioso é que o nome consta nos livros da prefeitura daquela época.

Nós sempre invejamos (queira Deus que todos positivamente) o fato de abonados americanos fazerem doações para universidades, instituições de caridade, hospitais e afins. Acontece que, segundo Brasil Gerson, os ricos daqui, ainda no tempo da colônia, eram assim. Doavam terrenos para a construção de hospitais, escolas, terrenos e o que pediam em troca, às vezes, era apenas umas missas rezadas em intenção de sua alma.

E em se tratando de história da cidade do Rio de Janeiro, é claro que não poderia faltar o Club de Regatas Vasco da Gama, cujo primeiro campo ficava na Rua Morais e Silva, no Engenho Velho (hoje isso fica lá pros lados da Tijuca). Só em 1927, seria inaugurado o Estádio de São Januário. Neste ponto, o livro de Brasil Gerson traz uma imprecisão: diz que o placar de estreia do campo foi 3 a 2. Mas na realidade, foi 5 a 3. Pro Santos, adversário da grande agremiação cruzmaltina. O Vasco é conhecido como Gigante da Colina devido ao Morro de São Januário, que ficava perto do estádio.

Como todos nós, brasileiros, sabemos, todo empresário é malvado e quer apenas explorar a mão-de-obra barata para maior obtenção de seus lucros pouco se importando com as condições de seus funcionários. Se todos são, de fato, assim, deveriam ter avisado ao Barão de Mauá:

"Até do ponto de vista social era Mauá um inovador, porque em época tão distante já cuidava carinhosamente do bem-estar de todos quanto lhe prestavam serviços. Mais que uma simples usina [a fábrica de gás do Barão], constituía ela um conjunto, no qual os empregados  da companhia trabalhavam, residiam e se divertiam, com biblioteca, jardim, cozinhas, boticas e tanque para a lavagem de roupa à disposição de suas famílias. Havia nela um dormitório coletivo para os acendedores de lampiões e outro para os escravos, a quem ele dispensava o melhor dos tratamentos."

Não acaba aqui. Ainda tem é coisa.

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Praça Onze, que posteriormente foi arrasada para que por ali passasse a Avenida Presidente Vargas. Foto tirada no tempo do Onça. Quer dizer, Onça, não. O Onça que deu origem ao termo é mais antigo, governou a cidade no século XVIII e chamava-se Luis Vahia Monteiro. É Vahia mesmo, com V...