sexta-feira, 22 de maio de 2009

WEEKEND, de Godard

image Em primeiro lugar, mantenham alunos de escolas de cinema do Brasil longe deste filme. Eles vão achar que é fácil fazer um filme assim. Avisem aos futuros cineastas que, antes de realizar "Weekend", Godard também fez filmes mais formais e só depois partiu para o cinema despirocado.

Vamos ao filme.

A ideia é a seguinte: Paul e Corine querem ir para Oinville, lugarejo onde mora a mãe dela para discutir problemas de herança. Só que no meio do caminhos eles pegam um engarrafamento imenso que os obriga a buscar atalhos. O filme é baseado num conto de Julio Cortázar, cujo título é o mesmo. Mas o escritor argentino se ateve ao engarrafamento. Godard faz com que seus personagens encontrem com figuras como Napoleão e Emily Brontë como se estivessem passeando pelo Sítio do Picapau Amarelo. Em algumas cenas, eles encontram com pessoas sem tanto destaque assim, mas os textos, as interpretações dão a sensação de que o casal se deparou com grupos de teatro de rua ou do Teatro do Oprimido, o que não deixa de ser um pesadelo.

Senti falta de John Cleese, Michael Palin, Graham Chapman, Eric Idle e Terry Jones neste filme que mais parece um quadro do Monty Python esticado. Claro que, para a época, deve ter sido uma revolução. Fico imaginando os debates depois da sessão buscando um sentido maior num travelling mostrando um engarrafamento por quase 10 minutos.

Surreal. O protagonista não consegue dirigir sem fazer uma bobagem no trânsito. Quando, finalmente, seu carro bate, Corinne, sua mulher, grita desesperada para o carro em chamas:

- Minha bolsa da Hérmes!

O fim de semana do casal é agitado e, pelo que vemos no filme, ou os franceses compram carteiras de habilitação com uma facilidade maior do que há aqui ou bem que uma Lei Seca cairia bem por lá - se é que não decretaram uma depois desta obra de Godard. Só não sei o que a legislação francesa diz em relação a guerrilheiros canibais que parecem habitar os bosques do país...

Indicado para pessoas que gostam de imensos discursos com a câmera parada justamente no personagem que não está falando.

Para concluir, a melhor frase do filme:

- Que filme podre! Só cruzamos com gente doida!