sábado, 20 de fevereiro de 2010

GANDHI, JOÃO HÉLIO, CHAMPINHA E O NOSSO PROGRESSO MORAL

A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser avaliados pela forma como são tratados seus animais.

Esta é a frase que está hoje no Burro Falante, meu blog recheado de pensamentos edificantes. Ela foi dita por Mahatma Gandhi que, certamente, a proferiu sem ter conhecido o Brasil. Aqui, nós tratamos muito bem nossos animais. Estamos mandando pra Suíça um que matou um garoto de seis anos arrastando-o pelas ruas do subúrbio do Rio. Diante desta monstruosidade, Gandhi talvez pensasse duas vezes antes de tecer comentários sobre nosso progresso moral. Porque nosso progresso moral desaba diante de um criminoso que não pode pagar pelo seu crime porque é “dimenor”. Não sei o que acontece com os nosso “menores” de hoje em dia. Aos 17 anos, na minha época, e falo de 1988, eu sabia muito bem que se eu estuprasse uma menina, estaria cometendo um crime. Com 16 anos, aliás, eu sabia que se eu arrastasse qualquer pessoa pelas ruas de qualquer bairro, eu poderia matá-la. Será que os “dimenores” de hoje são tão idiotas assim?

Bom, vá lá, talvez eu esteja sendo injusto. Com os animais, que seriam incapazes desta atrocidade – pelo menos tendo consciência dela.

Viramos o país dos Champinhas. O Champinha é nosso, a-ha, u-hu. O país dos dimenores que espalham o horror, mas contam com o beneplácito dos ECAs (a sigla do estatuto já era um aviso). Viramos o país onde as feras matam a “elite” branca opressora – e juro que tem gente que pensa assim toda vez que uma criança ou um adolescente de uma família remediada é morto por um bandido. Um bandido que ainda nem fez 18. Toda vez que um crime brutal gera comoção, os pogreçistas berram: “A mídia só tá fazendo escarcéu porque a vítima era rica.” Mídia é aquele troço que essa turminha totalitária quer democratizar. Ricos são aqueles brancos que moram em Rocha Miranda, perto de Madureira, na Zona Norte do Rio e têm um Corsa comprado, geralmente, à prestação.

A grandeza de uma nação também pode ser medida pelo número de Champinhas que ela coloca na cadeia. Ainda estamos longe. E o caminho é longo.