terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NEVE, de Orhan Pamuk

(À moda de @mourao)

image Aos poucos vou me despedindo da enlameada e pobre Kars, cidade que fica na região da Anatólia, na fronteira da Turquia com a Armênia. Lá, deixo também seus flocos hexagonais de neve que tanto inspiraram o poeta Ka, herói da narrativa, a escrever poemas depois de quatro anos sem qualquer inspiração. Poemas que vieram como se tivessem sido enviados por Deus.

Deixo também para trás os olhos azuis e inebriantes da esquiva Ipek, musa de Ka, bem como sua determinada irmã Kadife, que se recusava a soltar os cabelos e a abandonar o véu de sua fé. Aos poucos me afasto de Sunar, o ator revolucionário, metido num golpe militar que só foi possível em Kars porque as estradas que levavam até ela estavam bloqueadas pela neve.

Fica o adeus para a Turquia, país condenado a viver um terno conflito entre os secularistas, os curdos e os islamitas radicais. Conflito este no qual Ka se viu envolvido como num turbilhão e de lá saiu, mas com sequelas – quem ler o livro verá.