quinta-feira, 6 de maio de 2010

DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE “HUASIPUNGO”, DE JORGE ICAZA

“Huasipungo” é um livro desconhecido da maioria dos leitores brasileiros. Para mim também era até que em 1994, O Globo, junto com os demais jornais do Grupo de Diários de América, lançou o projeto Jornalivros. Eram livros de autores latino-americanos publicados em formato tablóide e saía toda terça-feira. Icaza era a parte que coube ao Equador.

Mas, afinal, o que é um huasipungo? Bom, é a parcela de um terreno onde o índio ergue a sua choça e realiza seus pequenos cultivos. No planalto do Equador, o cacique serve-se do índio, emprestando-lhe essa parcela de terra.

O cacique, no caso do romance, é um branco, latifundiário e como todo branco e latifundiário, segundo aprendemos, é um filho da puta. Resumindo a história: “Huasipungo” é um bando de índio se fodendo nas mãos do branco opressor, do padre escroto e do chefe político boçal. Não obstante, é um livro muito bem escrito, com cenas cruéis e até mesmo nojentas – mas é um nojo com estilo, não se pode negar.

É claro que os índios se ferravam nas mãos dos brancos. Mas isso parece estar mudando: no Brasil, eles ganharam um estado da federação todinho de presente; na Bolívia, leis estão liberando até o justiçamento feito por indígenas. Nada como um dia após o outro. Não me admiraria se toda a América Latina virasse um huasipungão… Acho que a ideia seria muito bem recebida pelo Stédile, por exemplo…