segunda-feira, 25 de julho de 2011

QUEM FAZ A TV?

Na coluna de Patrícia Kogut, hoje, no Globo, leio que o programa “Junto & Misturado” não será mais gravado e que, comenta-se nos bastidores, o motivo é que o programa não agrada à classe C. Então a verdadeira luta de classes se trava nos canais de TV? Isso pode se refletir seriamente na qualidade dos programas.

Particularmente, nunca me alinhei com as pessoas que reclamam perenemente da qualidade da TV aberta brasileira como se fôssemos 200 milhões de Aristóteles sequestrados por Alienadores do Espaço especializados em nos abobalhar diante da telinha. A classe C sempre foi a maior espectadora de TV, não é mesmo? O que caiu? A qualidade da TV ou a capacidade intelectual dos que assistem à telinha e que são, pelo jeito, incapazes de compreender “Junto & Misturado”? Recentemente, Sílvio de Abreu teve que dar uma freada em “Belíssima”, pois o público estava reclamando do seu ritmo. Ou seja, o autor é obrigado a tornar sua novela mais lenta e arrastada – e depois aguentar as reclamações.

Como autor, entendo que a TV aberta é feita para todos. Que dependemos de quem assiste. Que é isso mesmo, vai encarar? Mas é certo que antigamente a classe C, no mínimo, entendia um programa... Atualmente, uma novela como “O casarão” seria inviável. Não é reclamação das zelite, por favor. Eu fui classe C – me criei, entre outras coisas, vendo TV.

Vou aproveitar o embalo e falar de outra “ditadura”: a da audiência paulistana. Um exemplo: quando você lê que um determinado programa vai mal das pernas, há que se levar em consideração uma coisa: ele pode estar se ferrando apenas em São Paulo. É a cidade de São Paulo, a rigor, que determina o que o resto do país vai assistir. Um programa pode detonar em todas as praças onde houver medição, bater recordes e mais recordes. Mas se São Paulo não gostar, um abraço. Não sou um ingênuo romântico: sei que lá fica a fina flor do mercado publicitário e coisa e tal. Não sou alheio a isso. Nada tenho contra São Paulo – tenho família e grandes amigos por lá. E a população de São Paulo não tem nada a ver com isso, não foi imposição deles. Não é bairrismo – catapora do pensamento. Então deixem de medir a audiência dos programas de rede no resto do país.