Primeiro Mundo não é pra qualquer um. Certamente, este nunca será o caso desse cortiço continental onde o ministro José Antônio Toffoli, da bancada petista do STF (Supremo Tribunal de Férias), resolve aliviar o estresse das seções da Corte viajando para a Itália a fim de participar do rega-bofe de um sujeito ao qual deveria julgar com isenção. Se fosse “só” isso já seria o caso de expulsá-lo do STF aos pescotapas (isso abriria um precedente perigoso e temo que a maioria dos ministros passaria pelo mesmo vexame). Mas o buraco é mais embaixo. Pra um brasileiro, não adianta ser suspeito. Tem que parecer mais suspeito ainda:
“A viagem foi de caráter estritamente particular”, mandou dizer o ministro pela assessoria de imprensa. Se quisesse, poderia comprovar que arcou com os gastos da viagem e que nem tem intimidade com o criminalista. Mas, segundo a assessoria, “ele se reserva o direito de não fazer qualquer comentário sobre seus compromissos privados”.
Conversa fiada, retrucam normas legais e imperativos éticos. Primeiro, Toffoli tem o dever de provar que não usou dinheiro público na compra das passagens aéreas nem ficou hospedado num hotel por conta do noivo. Se fez isso, deve ressarcir a União e o festeiro perdulário ─ e, imediatamente, declarar-se impedido de participar de qualquer julgamento em que Podval esteja interessado. É muito amigo do advogado para decidir com isenção. Se bancou com o próprio dinheiro uma viagem à Itália só para festejar um casamento, é mais amigo ainda. Em ambas as hipóteses, está definitivamente sob suspeição.
Crianças, não se preocupem. Não há o menor risco deste país dar certo.