O livro de Dershowitz é também um passeio pela história como vocês já puderam notar. E nos apresenta um personagem muito curioso: o grão-mufti de Jerusalém, Haj Anin al-Husseini, escolhido pelos britânicos como líder espiritual e político da Palestina:
"Husseini era um anti-semita virulento, cujo ódio contra os judeus era ao mesmo tempo religioso e racial. Como tempo iria tornar-se um aliado próximo e conselheiro de Adolph Hitler e um defensor ativo da 'solução final" - o assassinato em massa dos judaísmo na Europa."
Husseini é o maior responsável pelo massacre de Hebron, em 1928:
"Estudantes de uma ieshvá (estabelecimento de ensino superior hebraico), desarmados, foram assassinados, lares judaicos foram atacados e seus ocupantes massacrados. Sessenta judeus foram mortos e o restante foi expulso da cidade. As sinagogas foram profanadas. (...) A política do grão-mufti de limpeza étnica dos habitantes judeus estava sendo implementada com vingança."
Devo avisar que esta é uma pequena pílula do que o cidadão era capaz. No livro tem muito mais coisa. Este sujeito era admirado por Yasser Arafat como veremos bem mais adiante.
A rejeição da solução de dois Estados por Israel
Ao contrário do que se possa pensar, os judeus sempre aceitaram a solução de dois estados. Os árabes é que rejeitaram a idéia.
O relato da Comissão Peel, de 1937, não deixava dúvidas sobre quem era o culpado pelos distúrbios causados na Palestina:
"'Um lado colocou-se, não pela primeira vez, em erro por recorrer à força, enquanto o outro pacientemente cumpria a lei.' A comissão verificou que a violência assassina contra civis que havia começado na década de 1920 tinha sido deliberadamente ordenada pelo mufti [Husseini, olha ele aí de novo!] e a Alta Comissão Árabe. Também confirmou que os judeus que haviam ido à Palestina eram refugiados, denominando o sionismo como 'doutrina de escape' da perseguição sofrida pelos judeus da diáspora.
(...)
Também concluiu que seria 'totalmente irreal esperar' que os judeus aceitassem um status de minoria num Estado muçulmano, especialmente porque haviam essencialmente criado um lar judeu, com jornais hebraicos, escolas e universidades hebraicas, um sistema hospitalar judaico, um ativo sistema político e sindical e todos os outros atributos de um Estado. As regiões judaicas da Palestina eram mais semelhantes a um Estado em funcionamento do que as áreas árabes. Tel Aviv era uma metrópole judaica com uma população superior a 150 mil. Jerusalém ocidental tinha uma população de 76 mil, muito maior do que uma população muçulmana. Haifa, com sua população de 100 mil, era metade judia e muito do comércio em seu porto é 'judaico'. Governos democráticos locais, bem como uma agência nacional, tinham quase vinte partidos. A democracia havia chegado a Palestina."
E mais:
"A Comissão Peel reconheceu implicitamente que não era tanto pelos árabes quererem autodeterminação, mas por não desejarem que os judeus tivessem autodeterminação ou soberania sobre a terra que eles próprios tinham cultivado e na qual eram uma maioria. Afinal, os palestinos queriam ser parte da Síria e governados por um monarca distante. Simplesmente não podiam conformar-se com a realidade de que os judeus da Palestina haviam criado para si uma pátria democrática de acordo com o mandato da Liga das Nações e de acordo com uma legislação internacional."
Para quem acha que a criação do Estado de Israel foi uma imposição do imperialismo britânico, uma ressalva:
"O Livro Branco da Grã-Bretanha de 1939 limitava a imigração judaica a 75 mil durante os cinco anos seguintes [ou seja, até 1944]. A Grã-Bretanha tinha se tornado a barreira à independência e condição de estado para a comunidade judaica na Palestina. Os objetivos imperialistas da Grã-Bretanha agora favoreciam os árabes em detrimento dos judeus.
(...)
Isso coincidiu com o início do Holocausto, no qual seis milhões de judeus foram assassinados. Se os árabes tivessem aceito a solução de dois Estados recomendada pela Comissão Peel, em vez de responder com violência, centenas de milhares - talvez um milhão, ou mais - de judeus europeus poderiam ter sido salvos, já que o programa nazista, até 1941, desejava que os judeus fossem expulsos da Europa, mas não necessariamente assassinados. A 'solução final' tornou-se opção para os nazistas quando ficou claro que não havia lugar para os judeus europeus pudessem ir, exceto para as câmaras de gás e campos de extermínio."
Na verdade, a Grã-Bretanha agiu de acordo com interesses árabes: não abriu as portas da Palestina para os refugiados judeus.
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Esta é a segunda parte de nossa resenha ou resumo.
A primeira está aqui, a quem possa interessar.
Na próxima sexta, dia 20 de junho, a terceira parte.