quarta-feira, 30 de julho de 2008

STÁLIN (4): LÊNIN


"Koba apoiou sofregamente Vladimir Lênin e sua obra seminal, Que Fazer?. Esse gênio político dominador combinava as lições práticas maquiavélicas sobre a tomada de poder com o domínio da ideologia marxista. Explorando o cisma que levaria à criação de seu Partido Bolchevista, a mensagem de Lênin era a de que um partido supremo de revolucionários profissionais podia tomar o poder para os trabalhadores e depois governar em nome deles, numa 'ditadura do proletariado' até que isso não fosse mais necessário porque o socialismo fora alcançado. A visão leninista do partido como o 'destacamento avançado' do 'exército dos proletários [...], um grupo de luta de líderes', estabeleceu o tom do militarismo bolchevique."
Selecionei este trecho porque ele contém uma frase que eu acho curiosa: "um partido supremo de revolucionários profissionais podia tomar o poder para os trabalhadores e depois governar em nome deles". Essa sempre foi a tônica: tomar o poder em nome dos trabalhadores e depois se voltar exatamente contra eles. É o supra-sumo da demagogia, porque uma vez tendo o osso, é ruim de neguinho largar. Esse tipo de coisa nós podemos constatar até nos nomes de alguns países: toda República Popular pode ter qualquer coisa, menos povo decidindo alguma coisa. Toda República Democrática pode ter qualquer coisa, menos democracia.

Para completar, ficamos sabendo da verdadeira razão da criação do Partido:
"Embora desdenhasse os operários e os camponeses, Lênin mesmo assim supreendeu-se ao descobrir que nenhuma dessas classes o apoiava. Propôs então um único órgão para governar e supervisionar a criação do socialismo: o Partido. Foi esse hiato embaraçoso entre a realidade e a aspiração que tornou tão importante a fidelidade quase religiosa do Partido à pureza ideológica e tão obrigatória sua disciplina militar."