"A 6 de junho de 1932, Stálin e Mólotov declararam que 'não será permitido nenhum desvio com relação a quantidades ou prazos estabelecidos para a entrega dos grãos.' A 17 de junho, o Politburo ucraniano, liderado por Ian Tchubar e Stanislas Kosior, implorou por ajuda alimentar, pois as regiões estavam em 'estado de emergência'. Stálin culpou os próprios Tchubar e Kosior, junto com a destruição feita por inimigos - a fome não passava de um ato hostil contra o Comitê Central e, portanto, contra ele mesmo. 'A Ucrânia ganhou mais do que deveria', escreveu ele a Kaganóvitch. Quando um funcionário corajoso relatou ao Politburo o que acontecia, Stálin respondeu: 'Eles nos dizem, camarada Terekhov, que você é um bom orador, mas o que transpira é que você é um bom contador de histórias. Fabricar tal conto de fadas sobre fome! Achou que nos assustaria, mas não vai funcionar (...). Mikoian recebeu uma visita de um ucraniano que perguntou: 'Será que o camarada Stálin, ou alguém do Politburo, sabe o que está acontecendo na Ucrânia? Se não sabem, vou lhe dar uma idéia. Um trem chegou recentemente a Kiev cheio de cadáveres de gente que morrera de inanição. Eles apanharam cadáveres durante todo o trajeto de Poltava!' Os magnatas sabiam exatamente o que estava acontecendo."O presidente do Comitê Central da Ucrânia, Petrovski, chegou a afirmar:
"Sabemos que milhões estão morrendo. É um fato lamentável, mas o futuro glorioso da União Soviética o justificará."As estimativas mostram o tamanho da monstruosidade: em 1933, 1,1 milhão de famílias, ou seja, 7 milhões de pessoas, já haviam perdido suas propriedades e metade delas havia sido deportada. Três milhões de lares foram liquidados.
Em 1931, quando o processo de coletivização começou, de um total de 25 milhões, 13 milhões de famílias foram coletivizadas.
Em 1937, 18,5 milhões estavam coletivizadas, mas havia então apenas 19,9 milhões de famílias. Neste ano, 15 milhões de pessoas foram deportadas e muitas delas mortas.
As cartas dos magnatas mostram como eles vislumbravam coisas terríveis de seus trens de luxo:
"Budiony escreveu a Stálin de Sotchi, onde estava em férias: 'Olhando para as pessoas da janela do trem, vejo gente muito cansada com roupas velhas e gastas, nossos cavalos são pura pele e osso [...]. O presidente Kalínin [...] escarneceu dos 'impostores políticos' que pediam 'contribuições para a Ucrânia 'faminta'. Somente classes degradadas em desintegração podem produzir tais elementos cínicos' (...) O número de mortos dessa fome 'absurda', que aconteceu somente para levantar dinheiro a fim de fabricar fundidores de ferro-gusa e tratores, teria ficado entre 4 e 5 milhões e talvez tenha atingido 10 milhões, uma tragédia sem igual na história, exceto as causadas pelos terrores nazista e maoísta. Os camponeses sempre foram o Inimigo dos bolcheviques. O próprio Lênin dissera: 'O camponês deve passar um pouco de fome.'A esposa do poeta Mándelstam, Nadejda, escreveu em seu livro "Esperança abandonada":
(...)
Os camponeses, compreensivelmente, atacavam os funcionários comunistas (...) A 14 de julho, [Stálin] pôs-se a escrever, ordenando que Kaganóvitch e Mólotov (...) criassem uma lei draconiana para fuzilar os camponeses faminots que roubavam até palha de cereais. Eles redigiram o famoso decreto contra 'apropriação indevida de propriedade socialista', com punições graves 'baseadas no texto de sua carta. A 7 de agosto, isso tornou-se lei."
"'Mas como podem fazer isso? (...) Cada nova morte era justificada com a desculpa de que construíamos um notável mundo 'novo'.' A mortandade e a fome causaram tensão para o Partido, mas seus membros mal estremeceram: como conseguiram tolerar a morte em tal escala?"Abaixo você pode ver o vídeo que fala da fome na Ucrânia. As cenas são fortes. (Via Resistência)
Aqui, uma matéria do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba que fala dos descendentes dos ucranianos que relembraram o Holocausto provocado pelos socialistas.