sexta-feira, 29 de maio de 2009

"MIDNIGHT COWBOY", de John Schlesinger

image Até agora me pergunto se os flashbacks que aparecem no filme do personagem caipirão Joe Buck (o pai de Angelina Jolie, quer dizer, Jon Voight) são excessivos... É claro que a relação dele com a avó pode até explicar sua naturalidade em relação às mulheres mais velhas, mas ainda tenho minhas dúvidas quanto aos outros. Não sei até que ponto servem para "modernizar" o filme, que é de 1969, com imagens fragmentadas, dando-lhe um ar, sei lá, meio contracultural. É claro que falo do conforto do futuro, 40 anos depois do lançamento do filme, que provocou impacto na época e levou a estatueta de Melhor Filme em 1970. E pensar que era um filme pesado...

Começamos com a confiança e o otimismo de Buck saindo de sua desolada cidadezinha no Texas com um objetivo claro: ser garoto de aluguel. Ou seja, começamos no valor positivo, a esperança calcada na ingenuidade do caubói que pensa que tudo dará certo rápido. É um homem bonito, alto, louro e de olhos azuis. Mas é um caipira na cidade grande - clichê - que é enrolado por Rico, que só é chamado de Ratso, porque é um trambiqueiro de marca maior. Acabam se tornando grandes amigos - uma amizade sincera e dividindo o que acabará se tornando uma não tão "saudosa maloca".

Uma boa premissa para defini-lo: nada é tão ruim que não possa piorar. Da esperança ao roubo de tomates para fazer gororobas e não morrer de fome é um pulo. Joe Buck é um homem que tenta ser durão, mas não consegue - só nos últimos momentos e quando a situação deles chega a um ponto de não-retorno. Sua carreira de garoto de aluguel está sempre por deslanchar. Rico sonha com a ensolarada Florida: riqueza e coqueiros. Sonhos inviáveis - acontece em qualquer lugar, até no país que os torna mais possíveis. Ou tornava.

O final de Rico é previsível a partir da primeira tosse. Posso até dizer que é arquetípico, aquela coisa de Moisés e a Terra Prometida... Mas é boa a estrutura do roteiro que, aos poucos, vai transformando protegido em protetor.

Ah, a trilha sonora é do cacete. Fiquem com "Everybody's talking", com Harry Nilsson, que abre o filme.

 Harry Nilsson - Everybody's Talkin' (Midnight Cowboy)