“Sonhar é, acima de tudo, um tempo no qual as partes não ouvidas de nós mesmos recebem a permissão para falar. E nós faríamos bem em ouvir.”
Não, eu juro que este não é um trecho de um livro de auto-ajuda apesar do péssimo título em português e da capa. Barret fala de como os sonhos podem ajudar a resolver problemas de trabalho, de qualquer natureza, e desmistifica algumas histórias ligadas a ele, como a do sonho da dupla hélice de DNA, que não aconteceu. Já “Yesterday” veio direto do mundo dos sonhos. Eu mesmo já sonhei com histórias inteiras. Não apenas uma vez, mas várias. Começo, meio e fim.
Conta a curiosa técnica de Salvador Dalí, de como Bergman sonhou com uma sequência e a colocou em “Morangos silvestres”. “Frankenstein” também nasceu de um sonho de Mary Shelley depois de uma noite ouvindo histórias de terror na casa de Lord Byron.
“Mas é um fato que os nossos corpos são capazes de sentir mais do que alcança nossa consciência.”
Ao contrário dos sonhos do mundo das artes e do mundo das ciências, os sonhos com as doenças não são literais. São geralmente metafóricos e extravagantes:
“muitos poucos desses sonhos são atribuídos a um cochilo ou a um sono leve. Eles surgem do sono profundo, provavelmente a maioria acontece durante o sono REM.”
São também mais vivos e repetitivos. Não era à toa que os grego antigos procuravam dormir para que Asclépio, o deus da medicina, lhes aparecesse em sonho trazendo a solução para algumas doenças:
“Os sonhos ‘divinos’ que revelam uma doença através de personagens como Asclépio, provavelmente são personificações de nossas próprias sensações subliminares. (...) Assim como outros aspectos da personalidade podem se apresentar nos sonhos como Einstein, indicando uma solução para um problema de informática, com os gregos antigos o mesmo deveria acontecer na aparição da figura de Asclépio, ao lidar com as sensações do corpo baseadas no mesmo tipo de associações visuais e emocionais.”
No livro há um exercício para que possamos transformar sonhos em processos criativos. Isso mesmo, uma tentativa de disciplinar os sonhos:
“1. Escreva o problema com uma breve frase ou sentença e coloque o papel próximo à sua cama.
2. Reveja-o por alguns minutos antes de ir para a cama.
3. Na cama, visualize-o como uma imagem concreta, se isso for possível com o seu tipo de problema. Visualize-se sonhando com ele, depois acordando e escrevendo no papel ao lado da cama.
4. Diga a si mesmo que você quer sonhar com o problema assim que começar a dormir.
5. Mantenha papel e caneta – talvez também uma lanterna, ou uma caneta com a ponta luminosa – na sua cabeceira.
6. Arrume objetos relacionados à sua questão e coloque em sua cabeceira. (...)
7. Assim que acordar, permaneça deitado tranquilamente antes de sair da cama. Perceba se há alguma lembrança do sonho e tente se lembrar mais ainda, se possível. Escreva o que lhe vier à mente.”
Este exercício foi desenvolvido por psicólogos. Existem outros. Boa noite, sonhem com os anjinhos (criativos) e boa sorte.
Aqui você o encontra no Google Livros em versão integral.