quinta-feira, 27 de agosto de 2009

UM POUCO DE SHAKESPEARE

Não por acaso, Shakespeare é considerado o maior dramaturgo de todos os tempos. Com este post, espero falar de uma só tacada de algumas peças do Bardo que li este ano. Excluo aquelas sobre as quais já deitei falação: "As alegres comadres de Windsor" e "Medida por medida".

Para quem ainda não sabe (alguém? alguém?) nenhuma peça de Shakespeare era original. Ele pegava histórias já famosas e as adaptava. Claro que não era um mero adaptador - e não há demérito algum em sê-lo, até porque, em boa parte dos casos, uma adaptação significa reescrever a obra, tomando por base apenas sua espinha dorsal. As histórias que Bill adaptava eram pra lá de conhecidas na sua época possuía os preconceitos comuns de sua época, como veremos adiante. Alguns preconceitos perduram até hoje.

Vamos lá. Peça a peça. Antes, porém, que fique claro que não sou uma Barbara Heliodora, não sou um profundo conhecedor, mas apenas um admirador de Shakespeare e quero pegar aqui alguns aspectos dos textos que achei interessantes, curiosos.

Romeu e Julieta

Se Romeu esperasse mais uma semana, talvez não precisasse se matar por Julieta, porque certamente se apaixonaria por outra donzela. Duvidam? Ele começa a peça apaixonado perdidamente por outra moça que não lhe dá a menor trela e eis que, de repente, pega-se apaixonado por Julieta. Até hoje não se sabe por que os Montecchio e os Capuleto se odiavam tanto, mas o motivo pro pega pra capar deve ter sido forte.

Julieta está prestes a fazer 14 anos (!!!), e seu pai quer casá-la com de qualquer jeito. Sei que isso era comum na ocasião, mas não acredito muito em "homens de seu tempo". Creio que mesmo que vivesse naquela época consideraria um sujeito capaz de casar com uma menina de 14 anos um tarado.

MacBeth

MacBeth é um sanguinário. Ou melhor, Shakespeare transformou-o num sanguinário porque não pegaria bem refrescar a memória dos espectadores lembrando que Banquo, a quem ele persegue, era o verdadeiro carcará sanguinolento da história. Mas era parente dos Stuart que governavam a Inglaterra na época em que a peça foi apresentada. Acho que o rei Jaime I, filho de Maria, não ficaria muito confortável ao ver um antepassado seu retratado como um assassino contumaz.

Não importa. Na peça, MacBeth faz e acontece, mata geral e o povo que ficou dodói com o que aconteceu em Honduras precisa ler a peça para saber o que é um golpe de estado de verdade.

Sonho de uma noite de verão

O casamento de Teseu e Hipólita, uma disputa entre o rei e a rainha dos duendes, um quadrado amoroso que se complica devido a uma poção mágica e um grupo de teatro pra lá de amador se misturam nesta peça. Complicado? Não pra Shakespeare que "mata" a história em DEZ cenas.

Otelo, o mouro de Veneza

Alguém aí já parou para se perguntar por que Iago tinha tanto ódio de Otelo? Não, não era pelo fato do general ser um mouro, um negro. Alexandre de Medici era mulato e poderoso e ninguém ousaria se meter a besta com ele. A questão é a seguinte: Iago foi preterido por Otelo, que resolveu promover seu amigo Miguel Cássio, um burocrata, a tenente. Iago, reconhecidamente um bom soldado e com boas referências, é escanteado. Otelo despreza a meritocracia e era chegado a um apadrinhamento... Qualquer um ficaria puto numa situação dessas, mas como Iago era também ambicioso, quem pagou o pato foi a coitada da Desdêmona...

Desdêmona casa escondida com Otelo para desespero de seu pai, que não a queia casada com um afro-negão, mesmo que este fosse um general a serviço de Veneza.