As nossas coisas são o nosso convívio verdadeiro.
Uma camisa adere à nossa vida entranhadamente,
como o carinho mais cruel ou como um nome,
e sabe mais de nós que a confissão mais funda.
Um lápis é sempre um sexto dedo,
e é íntimo como a língua este cigarro.
As nossas coisas nos vêem, cheiram, sabem, gostam,
e sofrem-nos pacientemente como somos,
em nossas de carne e osso tristonhas intimidades.
Não são nós, mas, de nós tão saturadas,
são-nos indefinido lado, outras vozes, outros olhos, nossos,
que com a nossa presença crua se comovem,
contemplam e compreendem, e de só se calam.