sexta-feira, 11 de julho de 2008

EM DEFESA DE ISRAEL, de Alan Dershowitz (Parte 6 de 12)

O ACORDO DE PAZ DE 2000

"No começo do verão de 2000 parecia que a paz poderia estar próxima. O terrorismo havia diminuído um pouco em relação aos vários anos anteriores e um governo pacifista de Israel, liderado por Ehud Barak estava procurando ativamente pela paz. Bill Clinton, no último ano de seu mandato, estava determinado a deixar um legado de paz no Oriente Médio. Os israelenses e a OLP concordaram em reunir-se a partir de 11 de julho de 2000, sob os auspícios dos Estados Unidos. Ao longo dessas reuniões, que duraram até janeiro de 2001, Barak surpreendeu o mundo oferecendo aos palestinos quase todo o território que estavam desejando. Quando as negociações terminaram, Barak havia aceito a proposta ainda mais generosa de Clinton e estava oferecendo aos palestinos 'entre 94% e 96% da margem ocidental' e toda a Faixa de Gaza. Em troca dos 4% ou 6% que ficariam em mãos israelenses por questões de segurança, Israel cederia 1% a 3% de sua terra aos palestinos. Isso teria atendido plenamente a Resolução 242 do Conselho de Segurança, que determinava a devolução de 'territórios', não todos os territórios, conquistados na guerra defensiva de Israel com a Jordânia. Poucas pessoas, se é que alguma, permaneceriam sob a ocupação israelense.

Além disso, Barak ofereceu aos palestinos um Estado com a parte árabe de Jerusalém como sua capital e completo controle sobre Jerusalém oriental e a parte árabe da Cidade Velha, bem como todo o Monte do Templo, apesar de seu significado histórico e religioso para os judeus. Israel manteria o controle sobre o muro ocidental, que não tem significado para os muçulmanos.

Sobre a questão dos refugiados, Israel 'reconheceria o sofrimento moral e material causado ao povo palestino como resultado da guerra de 1948 e a necessidade de dar assistência à comunidade internacional para enfrentar o problema.' Israel aceitaria alguns dos refugiados por motivos humanitários e de unificação das famílias, mas a maioria viveria no Estado palestino: 30 bilhões de dólares em compensação seriam acordados para aqueles que não mudassem para Israel. Nenhuma compensação foi oferecida pelos refugiados judeus dos Estados árabes em seguida às guerras de 1948 e 1967. No que se referia às colônias judaicas, Barak concordou com a 'eliminação da maioria das colônias e a concentração da maior parte dos colonos dentro' da pequena porcentagem da margem ocidental a ser anexada por Israel."

Propostas na mesa, pegar ou largar.

"Yasser Arafat rejeitou a proposta de Barak, deixando claro que jamais entregaria o direito de mais de 4 milhões de palestinos de retornarem a Israel em vez de viverem no Estado palestino com uma compensação. Isso tornaria Israel, evidentemente, mais um outro Estado palestino, além da Jordânia e do novo Estado da margem ocidental e da faixa de Gaza. O problema dos refugiados palestinos foi sempre uma manobra feita para tornar Israel um Estado palestino, e a rejeição de Arafat da generosa oferta de Barak demonstrou isso com pouca ambigüidade."

Depois da recusa de Arafat, o jornal pacifista (ou esquerdista) de Israel, o Ha'aretz vaticinou:

"Se [os palestinos] desistirem de agarrar essas ofertas agora, em vez de Barak receberão Sharon."

Não deu outra.

"Quando Arafat se distanciou da generosa oferta de Barak, a comunidade internacional inicialmente se voltou contra ele, a favor de Israel. Mas depois da bem planejada retomada do terrorismo contra civis israelenses e da totalmente previsível reação de Israel contra o assassinato de jovens e famílias em pizzarias, discotecas e jantares de Pessach, boa parte da opinião pública novamente se voltou contra Israel."

A constatação, se é que podemos incluir a ironia num conflito desta magnitude, fica por conta do diplomata Joel Brinkley, que escreveu assim no New York Times:

"(...) os palestinos dominaram uma dura aritmética da dor... as perdas palestinas contam a seu favor e as perdas israelenses também. A não-violência não compensa."

Ainda no mesmo jornal, Thomas Friedman escreveu:

"O mundo precisa entender que os palestinos não escolheram homens-bomba por 'desespero' resultante da ocupação israelense. Isso é uma grande mentira. Por quê? Para começar, muitas outras pessoas no mundo estão desesperadas, mas não andam por aí amarrando dinamite ao seu corpo. Mais importante, o presidente Clinton ofereceu aos palestinos um plano de paz que poderia ter posto fim à sua ocupação 'desesperada', e Yasser Arafat ignorou-a."

(E ignorou-a mesmo sabendo que gente, como o príncipe saudita Bandar, considerou a oferta de Israel ótima...)

E aqui caímos num assunto que complementa este tópico: os homens-bomba. É uma falácia o argumento do desespero palestino como já apontou Thomas Friedman e de certa forma o diplomata Brinkley. Raramente os homens-bomba são ignorantes ou pobres:

"Um estudo com cerca de 250 aspirantes palestinos a homens-bomba mostrou que 'nenhum era inculto, desesperadamente pobre, de mente pouco desenvolvida ou deprimido.' Outros estudos descobriram que esses assassinos em massa 'não eram ignorantes, desamparados ou privados de direitos civis'. Tinham 'trabalhos normais, respeitáveis' e pareciam 'ser membros totalmente normais de suas famílias'. Eles não 'exprimem falta de esperança ou um senso de 'nada a perder'".

O estudo foi publicado no New York Times, em 5 de maio de 2003, e se chamava "Who wants to be a martyr?".

E aqui entra a esquerdalhada internacional, doida por um oba-oba:

"Pode parecer irônico que, logo depois de Israel oferecer aos palestinos quase tudo que eles e a comunidade internacional queriam - um Estado palestino com a Jerusalém árabe como sua capital, devolução de toda a faixa de Gaza e de quase toda a margem ocidental, uma resolução justa e prática do problema dos refugiados e um fim das colonizações judaicas -, (Israel) é agora um pária da comunidade internacional, da opinião pública européia e de grandes facções da esquerda americana, acadêmica e religiosa. Israel tornou-se o objeto de espoliação e de campanhas de boicote e outros esforços de demonização, enquanto os palestinos - que rejeitaram a oferta de paz e responderam com o assassinato sistemático e deliberado de civis israelenses - tenham se tornado os queridinhos dos mesmos grupos."

É assim mesmo, Dershowitz. Aqui, na longínqüa América do Sul, as esquerdas continuam abençoando os terroristas das FARC, apenas fingindo que são contra os métodos desta escumalha. É a tônica desse pessoal. O que nos faz cair naquele velho relativismo:

"(...) o mundo, inclusive muita gente na mídia, no meio acadêmico e mesmo na diplomacia, parece aceitar a violência palestina como cultural. Por outro lado, algo diferente é esperado dos israelenses. Isso é relativismo cultural que se aproxima do racismo. Esperar menos dos palestinos, independentemente de suas queixas, é diminuir sua benevolência humana."

Adapte isso para o "sul desta América tão linda" e vocês não verão a menor diferença...

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Na próxima sexta, a 7ª parte.

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