domingo, 23 de novembro de 2008

COTA DE SACRÍFICIO

Estudei em escola pública a vida toda. Prestei quatro vestibulares (um em 1990, um em 1991 e dois em 1993 - História e Comunicação). Passei no segundo, na repescagem para Filosofia (UFRJ). Fiz um semestre. Não era o que eu queria. Estudei um ano e meio em casa, entre outros afazeres, e passei para História na UERJ (gabaritando a prova discursiva de Geografia) e para Comunicação da UFRJ - que era o que eu almejava. Nem me matriculei no curso de História - ainda bem: perigava ser de esquerda até hoje. O que é isso, Persegonha? Auto-louvação? Uma declaração de amor ao próprio umbigo? Nada. Só para dizer que passei no terceiro vestibular mais concorrido da cidade por méritos próprios. Não precisei da "solidariedade" do Estado para me colocar lá dentro. Ralei, conheci minhas deficiências, estudava mais as matérias que não dominava, e vi meu número de inscrição na lista de aprovados.

Quando é que vamos botar na cabeça que universidade não é lugar para caridade pública? Que lá é lugar de formação de uma elite intelectual cuja principal ambição deveria ser colocar o Brasil andando pra frente? Que essa elite não e e nem nunca foi uma elite que necessariamente saia da Classe A e B do Brasil? Estudei sem bolsa. Fiz um estágio. Saí logo porque as condições não eram muito boas - me refiro inclusive ao uso de água potável no trabalho. Estagiei de graça num lugar quegostei muito. E quando acabaram os quatro anos eu, que via meus amigos da minha turma cheios de bolsas e estágios bem remunerados, era o único empregado. E bem emrpregado.

Tudo isso por quê? Porque tenho raiva de negros, pobres e índios? Ora, pitombas, claro que não! Porque não existe vitória sem sacrifício. Morei em conjunto habitacional, sou filho de terceiro sargento (já falecido) e nunca tive muitas facilidades. Então, por que é que outros têm que ter? E logo na universidade? Por que não melhorar a base de todos, para que todos possam concorrer de igual para igual? É mais fácil a demagogia. É mais fácil importar uma segregação que nunca tivemos.

No fundo, torço para que o Senado acabe com essa palhaçada.