quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A BATALHA PELA ESPANHA, de Antony Beevor – Parte 3 de 4

image E aqui continuamos a nossa saga através da Guerra Civil Espanhola. Esta é a penúltima parte e falaremos, entre outras coisas de Guernica. Como não custa lembrar TODAS as respostas foram tiradas do livro que dá título a este post.

No que diferia a propaganda republicana da nacionalista?

Muitas vezes muito pouco. Ambos os lados aproveitavam incidentes isolados para defender ideias gerais.

O que dizia a propaganda republicana?

Os republicanos espalhavam histórias de horror sobre regulares mouros que cortavam a mão de crianças que fechavam o punho, para o caso de estarem fazendo a saudação esquerdista. Também contavam milagres seculares, como as bombas nacionalistas que não explodiam porque continham mensagens de solidariedade de operários estrangeiros em vez de explosivos. Houve, sem dúvida, casos de operários de fábricas de munição que praticaram sabotagem, mas o exagero da propaganda republicana desenvolveu tamanho apego à vã esperança que cabou se tornando uma grande desvantagem. Depois que o governo despertava um louco otimismo em relação à determinada ofensiva, ficava praticamente impossível admitir o fracasso, e isso levou à perda de grande quantidade de homens e material bélico na defesa de ganhos inúteis.

O que dizia a propaganda nacionalista?

As suas primeiras notícias traziam “massacres vermelhos” a ponto da imprensa católica estrangeira acorrer em apoio ao levante nacionalista no seu começo. A acusação mais sensacional foi o estupro de freiras, sendo que uma invenção semelhante datava da Idade Média, quando foi usada para justificar uma chacina de judeus. Os nacionalistas pisavam em terreno mais firme ao condenarem o assassinato de padres e tiveram o apoio do Papa, que declarou que os padres eram mártires. A maré só começou a virar a favor da República em novembro de 1936, com o bombardeio dos bairros operários e do Hospital San Carlos durante a batalha de Madri. Cinco meses depois, a destruição de Guernica deu à República sua maior vitória na guerra propagandística, principalmente porque os bascos eram conservadores e católicos.

Afinal, Guernica foi bombardeada?

A pergunta parece uma loucura, mas é que tem muita gente que não acredita na destruição de Guernica.

É claro que ela foi bombardeada. E foi sim bombardeada pela Legião Condor alemã. Quem diz que não houve o bombardeio talvez não tenha tido acesso ao diário de guerra de um dos comandantes da Legião Condor, Wolfram Von Richtofen, que contradiz por completo a versão nacionalista de que o ataque teria sido feito pelos republicanos:

“K/88 [forças de bombardeio da Legião Condor] foi apontada para Guernica, com a intenção de desorganizar e fazer cessar a retirada dos vermelhos, que precisam passar por aqui.”

A que horas deu-se o início do bombardeio de Guernica?

Às 4 e meia da tarde, uma segunda-feira, 26 de abril. Um único bombardeiro Heinkel 111 da “esquadrilha experimental” da Legião Condor chegou sobre a cidade, despejou sua carga no centro e logo desapareceu.

E o que aconteceu em seguida?

A maior parte da população saiu dos abrigos e foi ajudar os feridos. Mas não contavam com a volta da esquadrilha, 15 minutos depois, lançando bombas de vários tamanhos. Os que correram de volta aos abrigos foram sufocados pela fumaça e pela poeira e ficaram alarmados porque já estava evidente que os abrigos não resistiriam às bombas mais pesadas. As pessoas correram para os campos ao redor da cidade e as esquadrilhas de caças Heinkel 51 chegaram metralhando e lançando granadas sobre os homens sobre as mulheres e as crianças. A parte principal do ataque sequer começara. Às 17:15, ouviu-se o som dos motores áereos. Os soldados identificaram-nos imediatamente: eram os Junkers 52. Três esquadrilhas, vindas de Burgos, cobriram a cidade de bombas sistemáticas em ataques revezados de vinte minutos durante duas horas e meia.

De que eram constituídas as cargas dos aviões?

De bombas pequenas e médias, além de outras de 250 quilos, bombas antipessoais de 20 libras (nove quilos) e bombas incendiárias. As incendiárias eram jogadas dos Junkers em tubos de alumínio de um quilo, como se fossem confete metálico.

Qual foi o número de baixas?

Segundo o governo basco, as baixas corresponderam a cerca de um terço da população da cidade – 1654 mortos e 889 feridos, embora pesquisas mais recentes indiquem que não foram mortas mais de trezentas pessoas. E aqui, é claro, também entrou em ação a máquina bem azeitada de propaganda da esquerda. Enquanto os números de mortos em Guernica “aumentavam”, os da Prisão Modelo de Paracuelos de Jarama, controlada pelos republicanos, foram “esquecidos”. Alguns deles simples eram simpatizantes dos nacionalistas, mas foram fuzilados. Seu número exato: 970 mortos. A ordem dada era executá-los e ocultar a responsabilidade dos republicanos. Houve um pequeno grupo que foi liberado para demonstrar às embaixadas estrangeiras o “humanitarismo” da República.

Parte 1

Parte 2