Esta é a última parte do “bate-papo'” sobre o livro “Fascismo de esquerda”, de Jonah Goldberg. Claro que esta série é uma pálida ideia do traz a obra de Goldberg, que é uma bordoada no progressista supostamente virtuoso que veio “para nos salvar” sem que muitos não tenham pedido para serem salvos. Sei que boa parte dos leitores gostou do que foi publicado, porque tiveram informações sobre fatos históricos que sempre são colocados de lado por uma questão de conveniência. Outros estão bufando, porque descobriram que suas bandeiras, tão caras, tão estimadas e tão boazinhas tiveram origem no nazifascismo. E vão continuar de antolhos, correndo atrás da cenourinha ideológica para tentar continuarem de bem com a sua consciência.
Mas tudo que vem da esquerda é ruim? Claro que não! Mas o fato de você se considerar um esquerdista não o coloca automaticamente no lado mais virtuoso do debate. E ser de direita ou conservador não é nenhum crime, como qualquer pessoa com mais de dois neurônios já sabe. Isto ficou claro.
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1. De onde vem a ideia de que os “valores de família” são fascistas?
Ela possui uma longa genealogia, remontando, mais uma vez à Escola de Frankfurt. Max Horkheimer argumentava que a raiz do totalitarismo nazista era a família. Mas a verdade não poderia estar mais distante disso. Embora a retórica nazista frequentemente mostrasse deferência à família, a prática concreta do nazismo era compatível com o esforço progressista de invadir a família, romper suas paredes, destruir sua autonomia. A família tradicional é a inimiga de todos os totalitarismos políticos porque é um bastião de lealdades separado do Estado e anterior a ele, razão pela qual os progressistas estão constantemente a quebrar sua casca.
2. Havia, por parte do nazismo, hostilidade contra o Cristianismo?
Basta ler Table talk, livro de Hitler. Mais claro que isso é impossível, sobretudo no quis respeito à sexualidade. O Cristianismo, junto com o Judaísmo, rejeitava a visão pagã de sexo como gratificação, atribuindo-lhe significado moral. Ao ler o livro é quase impossível não ver Hitler como um livre-pensador de mente aberta. Ele diz: “O casamento, tal como praticado na sociedade burguesa, é, em geral, uma coisa contra a natureza”. E continua: “A religião está em perpétuo conflito com o espírito de livre indagação”. E mais: “Para nós, a catástrofe é estarmos amarrados a uma religião que se rebela contra todos os prazeres dos sentidos.” Hitler tinha profundo desprezo pelos preconceitos sociais que condenam os nascimentos fora do casamento: “Eu amo ver essa exibição de saúde à minha volta.”
3. E a posíção dos nazistas em relação ao homossexualismo?
Essas atitudes ainda são fonte de confusão. É verdade que muitos homossexuais foram enviados à campos de concentração, mas também é fato que o Partido Nazista e as organizações pangermânicas ao seu redor estavam cheias de homossexuais. O chefe das SA, Ernst Rohm era homossexual assumido. Quando integrantes ciumentos das SA tentaram usar esse fato contra ele em 1931, Hitler disse: “A homossexualidade de Rohm é puramente privada”.
4. O que há de fascismo no ambientalismo?
Com certeza, não são suas etéreas e obscuras suposições metafísicas a respeito do infortúnio existencial do homem. Em vez disso, seu ingrediente fascista mais tangível é o fato de ser um inestimável “mecanismo de crise”. Al Gore constantemente insiste em que o aquecimento global é a crise definidora de nossos tempos. Céticos são chamados de traidores, negadores do Holocausto, instrumentos de interesses escusos. Alternativamente, ambientalistas progressistas apresentam-se no papel de samaritanos protetores. Gore afirma que não tempo para debates, para nenhum tipo de discussão. Em termos práticos, isso significa que precisamos nos render ao Estado-babá global e criar o tipo de “ditadura econômica” pela qual anseiam os progressistas.
5. Nesta questão de ambientalismo, os nazistas saíram na frente de novo?
Sim. Eles foram os primeiros a usar a luta contra a poluição do ar, a criação de reservas naturais e a necessidade de reflorestamento como pontos centrais de sua plataforma.
6. Afinal, o que defende um conservador?
Basicamente é alguém que defende e protege o que são consideradas intituições liberais, mas não no sentido americano, e sim europeu, mas que são consideradas conservadoras nos Estados Unidos. Propriedade privada, mercados livres, liberdade de consciência e os direitos das comunidades de determinar por elas mesmas como viverão no espaço delimitado por essas diretrizes.
7. É correto dizer que os conservadores se opõem ao progresso como diz a esquerda?
Claro que não. Os conservadores americanos não se opõem à mudança nem ao progresso. Nenhum conservador que restaurar a escravidão ou acabar com o papel-moeda. Mas o que o conservador acredita é que o progresso resulta da resolução das inconsistências dentro de nossa tradição, e não de jogá-la fora.
8. Qual é a maior ameaça dentro disso tudo?
A mais grave é que estamos perdendo a noção de onde a política começa e onde ela termina. Numa sociedade na qual se se supõe que o governo deva fazer tudo de “bom” e tenha sentido “pragmático”, numa sociedade na qual se recusar a validar a autoestima de outra pessoa é quase um crime de ódio, numa sociedade na qual o que é pessoal é político, existe o perigo constante de que um culto ou outro seja imbuído de poder político.